Da III Divisão à fama em menos de um ano. Braga, que na época passada jogava no Leça, chegou ao Leixões pela mão de Vítor Oliveira e não demorou a convencer José Mota. Um golo frente ao Belenenses na estreia a titular abriu o apetite aos adeptos, os dois que gelaram o Estádio do Dragão à sexta jornada fizeram o resto. "Nem consegui dormir nessa noite", conta.
A exibição que realizou no estádio do Dragão alterou de alguma forma a sua carreira?
Deu-me notoriedade e confiança. No final, senti que tinha feito um bom jogo. Mal acabou já tinha o telemóvel cheio de mensagens a felicitarem-me. Não foi fácil dormir nessa noite. Repare que estou a estrear-me na Liga e consigo logo dois golos no Dragão. Nunca tal possibilidade me tinha passado pela cabeça. Foi muito importante para mim e para o Leixões. Nunca vou esquecer aquele dia, mas já passou.
Depois desses dois golos não voltou a marcar...
Pode ser que volte a marcar já neste jogo [risos]. O jejum que estou a passar tem muito a ver com a atenção que os defesas agora me dispensam. Os adversários ficaram a conhecer-me depois daqueles golos e agora sou muito mais marcado. Mas também tive uma lesão e só agora é que estou a regressar à minha melhor condição física.
Acredita que podem voltar a ganhar ao FC Porto?
O FC Porto teoricamente é favorito. Mas o Leixões já mostrou que não tem medo de nenhum adversário e que joga sempre para ganhar. Vamos defrontar o líder e o campeão em título, isso diz muito. Mas não acredito que venham jogar aqui deliberadamente ao ao ataque. Penso que será uma equipa mais contida a tentar aproveitar o contra-ataque, até porque tem jogadores muito poderosos na frente. Além disso, sabem que uma das nossas armas é também o contra-ataque e que conseguimos melhores exibições quando não temos a obrigação de assumir as despesas do jogo.
Mas ambas as equipas precisam de ganhar...
Sim, é verdade. Estou convencido que será um grande jogo. O FC Porto não quer perder terreno para os mais directos adversários e nós queremos continuar a lutar por um lugar nas competições europeias. Já temos a manutenção garantida, portanto só nos resta esse objectivo.É portista.
Como se sente se ajudar a roubar o título ao FC Porto?
Não sou fanático, mas fiz lá a formação e é natural que tenha algum carinho por aquele clube. Mas não me custaria nada, porque estou a defender as cores do Leixões. Acima de tudo sou profissional. Mas, pelo que tenho visto, o FC Porto parece-me o principal candidato ao título. Está mais forte que o Benfica ou o Sporting.
Há quem diga que este campeonato está nivelado por baixo. Concorda?
Não. Está mais competitivo porque equipas como o Leixões, Braga ou o Nacional já trabalham muito bem. Com bons métodos. Foram os pequenos que melhoraram muito, porque os grandes continuam a ter orçamentos elevadíssimos. Não é por acaso que temos duas equipas nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e o Braga na Taça UEFA.
Esta oportunidade ao mais alto nível, quando tem 25 anos, não surgiu tarde de mais?
Só aconteceu agora. Poderia ter sido mais cedo, mas não me parece demasiado tarde. Ainda tenho muito para dar ao futebol. Ainda não é tarde. Estou a aprender depressa, com a ajuda dos meus colegas e do treinador José Mota, que tem sido extraordinário. Tenho de me concentrar nisso. Esta época tem sido alucinante. Como todos os colegas, sonho em dar o salto para um clube com outra dimensão. Já se falou nisso, mas não existiu nada de concreto. Mas gostaria de ter a oportunidade de melhorar a minha condição desportiva e financeira. Se tivesse aparecido mais cedo, provavelmente isso seria mais fácil, mas ainda vou a tempo. Também não tive muita sorte com os clubes por onde passei.
Não teve sorte?
Não. Todos os clubes por onde passei estavam em dificuldades. Fiz a formação no FC Porto, mas depois passei para o Salgueiros. No ano em que subi a sénior, o clube entrou em colapso e foi despromovido. Cheguei a pensar em abandonar o futebol. Fui para o Tirsense que também não estava nada bem. O mesmo aconteceu com o Leça. A única coisa boa foi o Vítor Oliveira ter reparado em mim, porque quando ele treinava o Leixões havia muitos jogos treinos entre as duas equipas. Esta época convidou-me e aceitei logo. Foi o meu grande momento de sorte.
Qual é o jogador com quem mais se identifica no futebol?
Gosto muito do Steven Gerrard, do Liverpool. É uma fonte de inspiração. Trabalha muito para a equipa, faz golos. Gosto de me basear nele. Mas o melhor jogador do mundo neste momento é o Messi. Está num momento fantástico. Já não via um jogador com tanta qualidade desde Maradona. Nos próximos anos será a estrela maior do futebol mundial. Mas quero também dizer que, pelo que fez na época passada, o Cristiano Ronaldo foi claramente o melhor do mundo.
fonte: site Público
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