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Carlos Oliveira > "Lutar pela Europa será o crescimento normal"

Carlos Oliveira tem as ideias bem definidas e sabe por onde quer ir. Aliás, só assim se percebe os resultados que alcançou em quatro anos, colocando o clube na elite nacional e a receber elogios de vários quadrantes. O clube tornou-se apetecível e, pelo andar da carruagem, a coisa não promete ficar por aqui. Aqui fica o plano do presidente da SAD do Leixões.
- A redução da participação do clube na SAD foi um dos seus pedidos para se manter na liderança e os sócios mostraram que estão do seu lado, tendo aprovado a proposta. Concretamente, o que mudou?
- Foi uma mudança fundamental para a evolução do clube e SAD. Como estava distribuído o capital, o Leixões clube nunca teria capacidade para entrar com um milhão e duzentos mil euros num aumento de capital. A partir do momento que os sócios autorizaram que essa participação fosse reduzida até 15% já é possível procurar investidores que queiram participar nesse capital.
- Como tem acontecido por essa Europa fora…
- Há vários exemplos, vindos de Inglaterra, Itália e Espanha. Se não fizéssemos essa alteração, estávamos condenados à asfixia financeira. Agora, estão abertas novas possibilidades e temos recebido contactos informais de clubes ingleses no sentido de saber qual é a nossa realidade.
- E o que é que o Leixões tem feito?
- Estamos a elaborar um dossiê financeiro que permita demonstrar a nossa realidade e para onde queremos ir para que as pessoas possam avaliar a dimensão e o futuro do projecto. Vimos de uma fase muito difícil quer do ponto financeiro, quer desportivo, mas estamos a afirmar-nos num patamar mais elevado do ponto de vista desportivo e as questões financeiras têm de ser resolvidas sob pena de estrangularem o projecto. Estão criadas as condições, mas não significa que os problemas estejam resolvidos.
- Esses contactos ainda estão numa fase embrionária?
- Sim, estão a pedir-nos através de parceiros a apresentação de um dossiê, que demonstre a situação actual, como o capital está distribuído e o que se pretende fazer em termos de futuro. Acredito que Leixões pode ser interessante como parceiro de grandes clubes europeus que, de alguma forma, possam ter interesse em rodar alguns dos seus valores emergentes para depois mais facilmente os colocarem nos seus próprios plantéis.
- Quais são esses clubes?
- [Sorriso]. Ainda é cedo, até porque estamos a falar de contactos informais e, depois, pode aparecer este ou aquele e nestas coisas convém ser discreto. Mas um deles trata-se de um clube de top. Há de Inglaterra e Espanha, mas também existe um grupo brasileiro que chegou a manifestar interesse em investir noutro clube do Norte.
- A situação desportiva actual é favorável ao negócio…
- Claro. Um clube que tem uma boa época desportiva arrasta sempre muitos interessados, pois é uma boa montra e ninguém gosta de investir numa actividade deprimida ou num clube que não é ganhador.
- Quando espera ter o dossiê concluído?
- Espero ter esse assunto fechado no final de Outubro, assim como na mesma ocasião gostaria de ter adiantado todo o processo bancário relacionado com o aumento de capital para 6 milhões de euros.
- Esse aumento só é viável com a entrada de novos investidores?
- Não. Esse aumento de capital é prioritariamente para os sócios, como foi prometido. Sabemos à partida que os sócios não vão ter capacidade de absorver todo o capital e, por isso, numa segunda fase, o mesmo estará aberto a todos os interessados. Na minha óptica, defendo um capital social de 10 milhões, mas devemos fazer essa subida por patamares para ir permitindo aos sócios participar no crescimento. Proponho assim um aumento para 6 milhões no imediato, passando para 8 daqui a dois anos e, finalmente, para os 10 daqui a quatro anos.
- Com tantas “démarches” em perspectiva, faz cada vez mais sentido falar num Leixões “europeu”?
- Penso que nenhum clube português pode deixar de pensar em ir de vez em quando às competições europeias. Quem não é ambicioso acaba por perder oportunidades de crescimento, agora, no nosso caso, acho que ainda é cedo. Face ao excelente arranque, os sócios já me falam da UEFA, mas temos de ser sensatos. Não temos condições, sobretudo, financeiras. Até podíamos ter condições desportivas, mas do ponto de vista financeiro sabemos que nem sempre as coisas têm corrido bem às equipas portuguesas. É um esforço que pode comprometer todo um trabalho.
- Mas, a longo prazo, já faz sentido?
- Não posso deixar de pensar que num futuro próximo o Leixões possa lutar pela Europa. Esse é o crescimento normal. Para além do prestígio, essas provas na Europa quando bem organizadas são fonte de rendimento para os clubes e temos de transformar essa oportunidade numa ocasião de crescimento e enriquecimento.
- O Leixões pode tornar-se a segunda potência do Norte?
- É difícil. FC Porto, Guimarães e Braga estão há muitos anos na Liga e têm apoios extraordinários das suas cidades, o que ainda não é possível em Matosinhos. Não é que não gostássemos de atingir esse patamar, mas há outros clubes que nos levam uma grande dianteira e têm três vezes mais sócios que o Leixões.
- O clube ainda não atingiu a marca dos 10 mil sócios, que até já se falava por alturas do Centenário?
- Não. Neste momento, temos pouco mais de 8 mil sócios. Vai ser lançada brevemente a campanha de novos sócios, com vantagens para os sócios que entrarem e os que propuseram. Vai ser uma campanha alegre e motivadora, que vai promover a entrada de novos sócios. Acredito que a continuar como até agora podemos chegar aos 10 mil sócios no final do ano.
“Projecto imobiliário está atrasado quatro anos”
- Em que estado se encontra o projecto imobiliário do Leixões?
- Quando assumi este projecto há quatro anos uma das grandes vantagens que existia e dava garantias de resolver as questões financeiras era o projecto imobiliário. Acontece que só agora, com Guilherme Pinto na Câmara, foi possível legalizar o processo ao fim de quatro anos.
- Foi um obstáculo ao desenvolvimento do clube…
- Chegaram a dizer-me que já se podia vender o terreno e que se podia construir e tudo o mais, mas era necessária a reformulação da envolvente ao Estádio do Mar e alteração ao plano para fazer que aquele terreno tivesse finalidade diferente do que estava previsto e, assim, comercializar. Só agora com o trabalho da Câmara e Guilherme Pinto é que foi possível transformar isso em realidade e no dia 2 de Outubro, na reunião da Câmara da assembleia municipal, foi aprovado o já conhecido plano da envolvente ao Estádio do Mar, que dá direitos para que aquele terreno possa receber construção.
- Um atraso grande…
- Quatro anos! Este esforço da Câmara em legalizar processo passou por aprovação de planos, consulta às entidades públicas, pela fase de consulta pública, e tudo isto correu nos seus prazos legais, não tendo havido nenhuma contestação. Agora, pode-se concretizar o negócio, embora com um inconveniente, pois, passados quatro anos, o ramo imobiliário está em crise. Prevejo que vamos ter dificuldade em fechar rapidamente este dossiê, cujo resultado há quatro anos já era indicado como o suporte do projecto. Vamos ter de colocar no mercado, mais uma vez, a nossa capacidade construtiva.
- Estádio novo faz sentido?
- Não. Faz sentido a reformulação do Estádio do Mar, que vai levar à construção de uma bancada no topo norte, porque no sítio onde está a actual, a Câmara projectou uma avenida de ligação entre Matosinhos e a Senhora da Hora. Devemos construir uma bancada no topo sul e aproximar a bancada nascente do relvado, criando desse lado a nova entrada do Estádio, porque com o novo plano o estádio vai passar a ter entrada pela nascente, do lado da Feira da Senhora da Hora, aproveitando capacidade de estacionamento daquele local.
- E qual seria a lotação ideal?
- Devido à média normal das assistências seriam 10 mil lugares, mas, face às regras da UEFA e para estarmos em condições de receber torneios internacionais, o ideal será 15 mil lugares.
- Estes projectos garantem a sua continuidade até ao final do mandato, que termina em 2010?
- A minha intenção é criar condições para que o projecto Leixões avance com qualquer pessoa. Para sustentar essa filosofia é que também fiz o esforço para convencer o Vítor Oliveira, no começo da época, a assumir as funções de director geral do futebol e basta ver os resultados para ver que a aposta estava certa. E tenciono em breve apresentar também um coordenador geral para as modalidades amadoras.
- José Mota também já é uma aposta ganha?
- Não foi um nome de consenso, muitas pessoas queriam um treinador que tivesse passado por vários clubes, mas quem passa por muitos lados é porque as coisas também não lhe correm bem. Mota tem o perfil que traçámos no começo da época e os resultados falam por si.
- A renovação pode estar em cima da mesa?
- Não somos precipitados. O importante, neste momento, é dar condições e apoio para as pessoas desenvolverem o seu trabalho.
- Está preparado para perder o Wesley em Janeiro?
- Temos que estar preparados para tudo, pois existem cláusulas nos contratos. Tivemos de arriscar em alguns casos, mas, se não fosse assim, podíamos não ter os jogadores neste momento. Se a situação se colocar, também teremos os nossos argumentos.
- O dado negativo deste começo de época é o “caso” Chumbinho…
- É uma situação que não é possível controlar. No Brasil, acontecem muitos casos estranhos e, neste caso, alguém se aproveitou da ingenuidade do jogador, que colocou uma assinatura num papel em branco.
“Aqui, ninguém faz fretes”
- Se ganhar no Dragão, na próxima jornada, é líder do campeonato…
- Já me disseram que empatámos com o Benfica para fazer frete ao F.C. Porto e que agora vamos perder ao Dragão. Quero deixar bem claro que aqui ninguém faz fretes. Além disso, a valia do F.C. Porto é tão grande que não precisa dessas situações. Existe a oportunidade de chegarmos ao primeiro lugar e vamos lutar por isso.
- Porquê que esta época só têm um jogador emprestado pelo F.C. Porto?
- Tem um significado simples. Contra a teoria de que nos tínhamos vendido ao FC Porto, a verdade é que cada um defende os seus interesses. Na lista do F.C. Porto, para além do Diogo Valente, não existiam outros elementos que nos interessassem. Alguns que queríamos são actualmente titulares no F.C. Porto.
- O F.C. Porto tem direito de preferência sobre algum jogador do Leixões, nomeadamente, o Beto ou Bruno China?
- Não há nada conversado e muito menos decidido sobre essa matéria.
fonte: site MH
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