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Hugo Morais garante que "vamos conseguir" permanência

Hugo Morais já conquistou um cantinho especial na história do Leixões. Foi ele que, no jogo da subida à Liga, abriu o caminho do triunfo (1-2) diante do Olivais e Moscavide. Nos festejos, ajoelhou-se e agradeceu o momento, esquecendo, assim, as fases difíceis de uma carreira que ponderou terminar precocemente. Em Matosinhos, encontrou o equilíbrio e de miúdo rebelde transformou-se num homem maduro, que conhece as suas virtudes e defeitos. O número sete é um dos indiscutíveis de José Mota e confia que, no final da época, a permanência vai ser atingida.
- Quando chegou ao Leixões, no início da época 2006/07, certamente estava longe de imaginar que, passados quatro anos, seria um dos capitães de equipa...
- É verdade. Parece que foi ontem. Vim para o Leixões num momento em que tinha considerado a hipótese de terminar a carreira. Tinha acabado o 12.º ano e pensava candidatar-me à faculdade, depois de um ano desmotivante no Barreirense. Ia mesmo deixar o futebol, mas surgiu um convite através do Vítor Oliveira. E logo no primeiro ano, subimos de divisão.
- Tinha acabado de participar num Torneio na Holanda, integrado numa equipa do Estágio de Desempregados do Sindicato, quando foi contactado pelo Leixões...
- Fui contactado ainda antes. Esse torneio correu-me bem, foi considerado o melhor jogador e muitas pessoas vieram falar comigo, querendo saber informações sobre a minha carreira. Regressei a Portugal e não houve contacto de mais ninguém e tinha de dar uma resposta ao Leixões. Curiosamente, e isto nunca mais esqueço, tinha estado à meia hora no cartório, com o Nené, a assinar o contrato, quando me ligou o Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato, a avisar que um clube da Holanda, o Willem II, me ia ligar. Estava ao telefone com ele quando entrou essa chamada da Holanda [sorriso]. Atendi e disseram-me que gostaram muito de mim e tinham um contrato de mais de um ano, com boas condições financeiras, para me oferecer. Fiquei baralhado por uns instantes, mas já tinha assinado e não podia voltar atrás.
- É verdade que o Vítor Oliveira quando lhe ligou disse que conhecia o seu potencial mas também o seu... mau feitio?
- [Sorriso]. Foi mais ao menos isso. Cheguei ao Marítimo muito novo e toda a gente dizia que era uma promessa adiada. Era muito rebelde, reconheço isso, e essa imagem foi passando. Hoje, estou mais calmo, já páro para pensar, mas antes custava-me engolir certas coisas. Na Madeira, tive um treinador que me ajudou em termos psicológicos, o Nelo Vingada, e, à medida que o tempo foi passando, fui ganhando traquejo.
- Percebe-se o porquê de se entender bem com Vítor Oliveira...
- [Sorriso]. Exacto. Tivemos uma relação amor-ódio. O Vítor é uma pessoa muito importante na minha carreira. Está sempre a dizer que não lhe devo nada, mas sempre que há oportunidade e me falam dele, não tenho problemas em dizer que foi um autêntico pai no futebol para mim.
“Cheguei no ‘timing’ certo”
- Chegou tarde ao Leixões?
- [Pausa]. É difícil responder, mas pensando bem cheguei numa altura crucial para o Leixões, um ano de mudança, que coincidiu com a subida à Liga, depois de muitos anos a morrer na praia. Tive a felicidade de estar presente nesse momento. Se tivesse vindo mais cedo, podia ter passado ao lado. Assim, acho que vim no ‘timing’ certo.
- Apaixonou-se pelo Leixões?
- Sim, sem dúvida. O Leixões ficará sempre marcado na minha vida em termos de sucesso. Tem sido aqui que tenho vivido as melhores fases da minha carreira, tanto em termos pessoais como colectivos. Foi aqui que alcancei um objectivo que era esperado por muita gente e fizemos história, com a subida à Liga.
- A cidade de Matosinhos ou o clube surpreendeu-o?
- Não. Já tinha vivido em Braga e sabia como são as pessoas do Norte. Também já tinha jogado contra o Leixões e, como sou muito observador, sempre reparei em vários pormenores e a forma como a massa associativa acompanha o clube. Adoro Lisboa, a minha cidade, mas aqui acarinham mais as pessoas.
- Estudou até ao 12.º ano em que área?
- Línguas, agrupamento 4. Na altura, equacionei Jornalismo e Geografia e cheguei a fazer as específicas para Geografia Especializada. Gosto muito de viajar, de conhecer os pormenores dos terrenos, e se não seguisse o futebol iria optar por esta área.
“Tenho a vida organizada”
- Aos 31 anos, já pensou alguma vez no fim da carreira?
- Vou pensando, de forma saudável, como forma de salvaguardar o futuro. Se calhar, alguns colegas não pensam tanto e depois quando acaba não sabem o que fazer. Graças a Deus, apesar de não ter representado nenhum dos grandes, e não ter ganho balúrdios, por influência dos meus pais e da minha forma de estar, fui guardando um pé-de-meia, que me permite ter a vida organizada.
- Houve mais jogadores na família?
- O meu pai jogou no Académico de Viseu. Era um jogador diferente de mim, era mais rápido. Tive um primo no Benfica e Guimarães, o Fonseca, e outro que era uma promessa, também chamado Fonseca, que esteve no Olivais e Moscavide. O futebol para mim começou na rua, na praia, e uma vez o meu pai levou-me a treinar ao Benfica.
- O clube do qual é adepto...
- Sim, isso nunca escondi. Este ano, penso que o Benfica tem todas as condições para conquistar o título, pois está mais forte e tem treinador que, em termos tácticos, é muito bom. Depois, tem a sorte de FC Porto não estar tão bem e Sporting atravessar uma fase muito má, que culminou com a saída do Paulo Bento.
- Foi campeão nacional pelo Benfica...
- Sim, logo no meu primeiro ano de infantis. Ganhámos 1-0 ao FC Porto, num jogo no campo da Naval. Estive no Benfica até aos juniores. Depois, fui para o Estrela da Amadora, ainda com idade júnior, e aquela equipa tinha grandes jogadores: o Jorge Andrade, o irmão dele, o Carlos Andrade, que jogou no Salgueiros, Sérgio Marquês e Paulo Sérgio.
- Quanto tempo esteve a cumprir serviço militar?
- Seis meses. Fiz a recruta em Abrantes, depois passei para Santa Margarida e, por último, estive em Mafra. Nesta altura, foi complicado conciliar com o futebol. Ainda tive no Sintrense, com o Daúto Faquirá, mas só conseguia treinar à sexta-feira e, por isso, pedi que me dispensassem. Assim, em Janeiro, já depois de ter acabado a tropa, fui para o Estrelas de Vendas Novas, onde conheci um treinador que também me marcou bastante, o António Pereira, que, se calhar, só não foi mais longe na carreira também pelo seu perfil único. O primeiro jogo foi logo contra o Marítimo, para a Taça de Portugal, estava com 86kg, mas uma enorme fome de bola. Perdemos o jogo, mas até estivemos a ganhar e as coisas correram-me bem, ao ponto do Nelo Vingada ter falado comigo no final para ir para o Marítimo B.
“Madeira é especial”
- Dá-se depois a aventura na Madeira, onde esteve cinco anos...
- Sim, a Madeira, para mim, é especial. Primeiro fui lá onde conheci a minha namorada, a Joana. Profissionalmente, as coisas podiam ter corrido melhor, sobretudo, no Marítimo. As minhas melhores fases de ligação ao Marítimo foi quando estive emprestado. Na Camacha, foi a minha melhor época a nível de golos, fiz 12, no União da Madeira, individualmente, as coisas correram-me bem, apesar de termos descido. No Marítimo, nunca me deixaram respirar. O Nelo Vingada contava comigo, até cheguei a ser titular, mas depois saiu e, de repente, também fui afastado da equipa. Ainda fiz a pré-época quando o Cajuda chegou à equipa, mas queria sair, estava desmotivado, e sentia que o meu ciclo já tinha terminado ali. Fui para as Aves e recuperei o gosto de jogar e, por pouco, não subimos.
- Regressou depois ao Estrela da Amadora, mas foi dispensado antes de começar o campeonato...
- O António Conceição, que ainda há pouco estava a treinar o Cluj, já me tinha convidado na época anterior, mas, na altura, não foi possível, pois já tinha jogado por Marítimo e Aves na mesma época e não podia ter uma terceira inscrição. Acabei então a época no Aves e, na temporada seguinte, fui para o Estrela. Quatro dias antes de começar o campeonato, o treinador disse-me que não contava comigo. Fiquei perplexo, porque antes ele tinha feito tudo para que fosse para lá. Não sei o que aconteceu. Fui para o Barreirense, na Liga de Honra, algo desmotivado. Sem dar conta, a minha carreira passou para segundo plano, independentemente de ter sido sempre profissional no trabalho. Nessa altura, coloquei em causa se havia de continuar ou não. Todos os dias fazia 50km de Lisboa para o Barreiro. A minha alegria era ir para a escola à noite...
“Grupo tem estado unido”
- Polémicas à parte, a derrota com o Nacional, da forma que foi, ainda uniu mais o grupo?
- Sim. O grupo tem estado sempre unido e tem consciência que esta época não tem nada a ver com a temporada passada. Não acho positivo que se façam comparações com o passado. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O que se passou, foi bom, mas acabou. Este ano, temos uma equipa nova, com jogadores oriundos de outros campeonatos, mas temos qualidade e estou convicto que ainda vamos dar muitas alegrias aos adeptos. Não estamos numa fase boa, mas isso acontece a todas as equipas. Vamos fazer um campeonato tranquilo.
- A esta distância do final da época, está seguro que o Leixões vai conseguir a permanência?
- Sim, sem dúvida! Temos de ser optimistas e contagiar quem está mais descrente. Este clube tem pergaminhos no futebol português e quem está cá tem de dar tudo e deixar a pele em campo. Vamos conseguir os nossos objectivos.
fonte: site MH
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1 desabafos :

Daniel Ferreira disse...

Quem é o pai do Hugo Morais?