Fábio Espinho está preparado

Já escasseiam exemplos semelhantes aos de Fábio "Espinho", um craque de rua que chegou ao mais alto patamar. No bairro onde nasceu e cresceu em Espinho, ninguém esquece o miúdo baixinho que fintava tudo e todos nos jogos de amigos. A técnica era tal que, aos seis anos, já dava festival nos treinos das escolinhas do Espinho, onde jogava o irmão, três anos mais velho. Por ser pequeno, aconselharam-no a esperar uma época para ser inscrito. Algo que nunca chegou a acontecer, porque o FC Porto intrometeu-se no caminho. Freitas, antigo central dos dragões e que na altura treinava as escolas do clube, descobriu-o e não hesitou em levá-lo para a Constituição. A história viria a ter um final feliz, mas poderia ter ficado pelo primeiro capítulo. "Hoje vais, senão gostares não vais mais" - esse foi o conselho da mãe que o fez superar a timidez, levantar-se da cama e deixar-se levar por Freitas para o segundo treino no FC Porto. Valeu a pena. Dois títulos de campeão nacional, um de iniciados e outro de juvenis, foram a recompensa para quem, a certa altura, deslocava-se de táxi, sozinho, para o Porto, com os gastos a serem suportados pelos pais. Chegou a capitão dos dragões e só lamenta não ter sido internacional, apesar de várias vezes chamado aos estágios das selecções jovens. Em 2006, extinta a equipa B do FC Porto, passou a vestir a segunda camisola da carreira. Foi o regresso ao ponto de partida, onde a alcunha se confundia com o nome do clube. A terceira de três épocas seguidas no Espinho abriram-lhe as portas do sonho da Liga Sagres.