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Vasco Fernandes > "Nasci para estar dentro do relvado"

Apesar de não gostar de projectar o futuro, Vasco Fernandes está preso a um destino que lhe acelera as circunstâncias da carreira. O curioso é que foi um dos últimos reforços a chegar ao Leixões, mas, para trás, num passado mais distante do que Agosto de 2008, tudo começou a aparecer cedo na vida do central que as oportunidades adaptaram a lateral-direito. Na idade de juvenil, quando a ideia de se tornar profissional era só um sonho, já Vasco Fernandes assinava o primeiro contrato a sério, isto aos 16 anos.
O percurso na formação do Olhanense foi trilhado de forma sólida, com o jogador consciente do seu valor. Integrou-se no plantel que colocou a equipa de Olhão na Liga de Honra, depois entrou num processo vertiginoso de crescimento como jogador e indivíduo. Um perfil que atraíra Vítor Oliveira, então treinador do Leixões, escolhendo-o para a defesa do onze ideal da Liga de Honra há duas épocas (em votação publicada anualmente por O JOGO). A atracção por Vasco Fernandes perdurou, mesmo após a tentativa gorada de Vítor Oliveira de treiná-lo no Mar. Conseguiu-o esta temporada, mas já com o estatuto de director-geral do Leixões, e assim supriu a ausência de um lateral-direito no plantel de José Mota ganhando também um admirador. "O Vítor Oliveira é uma excelente pessoa, que gosta e pensa o futebol. Temos de lhe dar o mérito, e também a toda a equipa do departamento e funcionários, do sucesso nesta fase do campeonato", realçou.
Não sendo a lateral direita a sua posição de raiz, Vasco Fernandes contrapõe com as vezes em que aí jogou "na Selecção, no Bordéus e no Salamanca". Soma internacionalizações desde os sub-18, tendo terminado a participação nos sub-21 a 13 de Novembro, quando completou 22 anos. Durante esse tempo, reconhece, foi "valorizando a carreira", sempre com o pensamento de "jogar na primeira liga portuguesa".
O sonho realizou-se, assim que o Leixões ganhou o seu concurso. "Nasci para estar dentro do relvado", diz Vasco Fernandes, cerrando o rosto para transmitir uma personalidade forte, de quem sabe o que quer e de quem "gosta mais de pensar do que falar". Defrontou por duas vezes o Benfica e lidou directamente com Reyes; em ambas, Vasco Fernandes só ficou com boas recordações, sobretudo do recente resultado na Taça. "Ganhar ao Benfica é sempre grandioso", rematou.

A bondade de Diogo aceita "mau humor"
Quem os vê chegar todos os dias ao Estádio do Mar fica com a ideia de que são amigos desde a infância. Mas não são. Vasco Fernandes e Diogo Valente formaram uma amizade por intercâmbio de relacionamentos pessoais em comum, que o destino fortificou no balneário do Leixões e se desenvolveu no mesmo prédio onde ambos moram. Ulisses Santos, representante dos dois, acabou por ser um dos elos unificadores. Vasco e Diogo dividem as despesas de deslocação e partilham a mesa nas três refeições do dia, trocando lembranças da passagem pelos sub-21. Nunca se cruzaram na Selecção, pois têm uma diferença de dois anos, mas foi lá que Diogo Valente ouviu "boas referências sobre a boa disposição de Vasco Fernandes", mas não sabia que o defesa "ficava de mau humor sempre que perde nas peladas". Isso nota-se sempre que Vasco Fernandes leva a melhor aos guarda-redes durante os treinos, pela forma efusiva como festeja um golo ou um cruzamento bem medido.
Para o "amigo" Vasco, Diogo "não tem defeitos, surpreendendo por tanta bondade que tem para com os colegas". O extremo-esquerdo escutou o elogio e sorriu "por ouvir só coisas boas" a seu respeito. Mas é na brincadeira que ambos têm um ponto em comum. "Somos muito brincalhões", remataram em uníssono.

Já tem uma assistência e sofreu um penálti
Cumpriu 11 jogos como primeira opção de José Mota, tendo falhado a visita a Guimarães por ter atingido o quinto cartão amarelo, precisamente no momento em que o Leixões foi travado na sucessão de bons resultados, depois da derrota, na abertura do campeonato, no Estádio do Mar, na recepção ao Nacional. Na estatística pessoal, Vasco Fernandes regista uma assistência no golo de Zé Manel, na Trofa, no encontro em que o Leixões iniciou um ciclo de dez jornadas sempre a somar pontos. Sofreu a falta da qual resultou o penálti contra o Paços de Ferreira convertido por Wesley, que assegurou então a vantagem.

Seguir exemplo paterno para gravar o nome
Nasceu em Olhão, entrou nas escolas do Olhanense aos cinco anos pela mão do pai. Herculano, central da década de 1970, serviu de modelo "e de conselheiro". "Sempre quis ser central não só pela influência do meu pai, mas também porque sentia que tinha potencial", disse Vasco Fernandes, orgulhoso pelas histórias que lhe contavam em criança. "Comentavam o quanto ele jogava com tranquilidade e inteligência, superando as adversidades. Era muito correcto, pouco faltoso e pouco nervoso a jogar", contou, numa espécie de contraste com a sua atitude em campo. "Sou mais nervoso, vivo o jogo intensamente, por isso sou mais impulsivo", reconheceu.
Vasco Fernandes mantém na memória as conversas com o pai, Herculano, "sobre as funções de um central", ao mesmo tempo que lhe ampliava o imaginário "para atingir o potencial dele". "Lembro-me de ver jogos dele em cassetes de vídeo", acrescentou.
Na sala dos troféus, observa a Taça de Portugal conquistada pelo Leixões em 1961 e a que recorda a passagem pelo Jamor em 2002. Esta época, a equipa já está nos quartos-de-final, mesmo assim Vasco Fernandes contém o entusiasmo de pensar no futuro, contudo revela a intenção "de chegar ao fim da carreira com o nome gravado honestamente pelo trabalho feito". "Para já, penso jogo a jogo, pois a vida é muito curta", concluiu.

Everton é assunto para depois do Leixões
Se sabe que o Everton anda a seguir a carreira dele no Mar, não comenta e nem dá pistas que conduza este raciocínio a qualquer lado. O que não é novidade para Vasco Fernandes é jogar no estrangeiro. Aos 22 anos, já conta com passagens por Bordéus e Salamanca, reunindo, portanto, uma experiência interessante em campeonatos tão distintos quanto o francês e o espanhol. No regresso ao futebol português, Vasco Fernandes colocou-se na rota de prospecção dos ingleses do Everton, que enviaram, ao jogo do Benfica, dos oitavos-de-final da Taça de Portugal, dois observadores técnicos com uma lista de talentos na qual se incluía o nome do defesa do Leixões. Vasco Fernandes refugiu-se num sorriso perante a pergunta, driblou o assunto e seguiu para a frente com a jogada. "Agora só me interessa pensar no Leixões", retorquiu. Muito bem, o assunto fica pendente até ao final da temporada, mas não esquecido. O Everton não deverá ignorar as possibilidades de atrair um jogador comunitário para a Premier League.

Ele sabe falar com as crianças
Vasco Fernandes conserva uma faceta ainda muito juvenil no seu carácter, tendo demonstrado isso mesmo durante a visita à ala pediátrica do hospital de Pedro Hispano, na passada sexta-feira. O jeito brincalhão do defesa confere-lhe uma elasticidade natural para entender a linguagem das crianças. Vasco Fernandes fez as delícias da pequenada, ajudando Diogo Valente, Rúben, Bruno China e Beto a espalharem uma centelha de esperança num momento particularmente difícil para as crianças, algumas com o sonho de se tornarem jogadores da bola.
fonte: O JOGO
foto: arquivo blog Leixões
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