Publicamos, na íntegra, um texto que retrata a reflexão do candidato pela Lista A, Carlos Oliveira, à liderança do Leixões Sport Club.
Confesso que tínhamos outra expectativa quando apoiámos a candidatura da atual Direção do Clube; não que a alternativa fosse melhor, isso nunca, pois essa alternativa representava aquilo que o Leixões nunca mais pode ter: aventureirismo, ambição puramente pessoal e o regresso ao despesismo que só não levaram ao desaparecimento porque apareceu o Sr. Manuel Carvalho e depois eu próprio com um grupo de amigos. Esta Direção tem um grupo de pessoas cuja seriedade não pode ser posta em causa, mas sim a sua capacidade para saber ler a realidade e depois implementar medidas para encontrar soluções. O que criticamos é a falta de capacidade e o medo de errar que levaram a que nada ou quase nada se tivesse feito.
O fácil foi atirar as culpas para fora e esperar que alguém pagasse as dívidas; criaram um ambiente institucional que nada ajudou ao aparecimento de soluções: sem paz institucional nada é possível fazer e atacar a SAD que representa afinal mais de 50% das receitas do Clube é homicídio/suicídio.
Também não posso deixar de assinalar que há na Direção pessoas que foram fundamentais nos últimos 2 anos para a manutenção da equipa e sem a ajuda delas ainda hoje não sei se teríamos conseguido; não refiro os seus nomes porque na ocasião me pediram para o não fazer, mas se me desobrigarem dessa exigência terei muito gosto em publicamente lhes agradecer, apesar de agora estarmos em desacordo em questões fundamentais. O que é certo, é certo...
A SAD foi feita pelo CLUBE e só tem servido para manter o mesmo, pois por esta via conseguiu arranjar fora quem pagasse 60% das dívidas e além disso têm sido muitas as intervenções da SAD para ajudar as modalidades, como se pode ver na colaboração prestada ao Futebol Formação no protocolo com o Colégio, que dá verbas à Formação e ao Voleibol, pois, além de outras coisas, lhe tem cedido sem qualquer custo a utilização da marca, que é propriedade da SAD, para o Voleibol conseguir contratos de publicidade que tenham a ver com a TV, tendo com isto angariado já mais de 100 mil euros.
Mas agora nada disto importa porque o que está, como em 2004, em causa é o futuro da Instituição e para isso temos todos de dar as mãos.
Tenho a sorte de ter estado na génese do grupo que em 2004 apareceu para evitar o desaparecimento ou a redução do Leixões a uma dimensão mínima que não merecia e que durante 10 anos manteve a sua aposta.
Há quem diga que era um projeto político, mas na verdade disso não há qualquer fundamento, pois começámos com o Presidente Narciso Miranda e continuámos, até ao momento, com o Presidente Guilherme Pinto; não é de nossa responsabilidade que o povo de Matosinhos tenha eleito os seus representantes dentro do mesmo partido. Isso chama-se DEMOCRACIA que o 25 de Abril nos deu há 40 anos; no nosso grupo há pessoas que ideologicamente vão pelo menos do PCP ao CDS-PP.
Afirmar que há um projeto político é fundamentalismo que repudio, mas temos que viver com tudo o que a Democracia nos deu e permite.
Apesar do que se diz, o peso das dívidas é hoje bem menor do que era, mas não significa que seja fácil porque também a conjuntura nacional e local dá hoje menos ajudas que antigamente. Há que fazer planos e utilizar os mecanismos ao nosso alcance, pois mesmo países como o nosso foram obrigados a reescalonar o peso da dívida e dividi-la pelos anos seguintes para a tornar sustentável.
Clubes como Boavista, Guimarães, Beira Mar, Trofense e outros já o fizeram e alguns deles tinham passivos astronómicos; já apresentei um plano para isso, mas não quiseram avançar com ele por receio de daqui a 8 meses ou um ano poder não haver soluções; o plano que eu apresentei suspendia de imediato as execuções e impedia os leilões do Estádio até se terem terminado as negociações.
Nada na vida hoje está garantido, mas ter tempo para poder trabalhar, criar condições e respirar é o que necessitamos de imediato; tenho uma equipa de juristas e fiscalistas pronta para avançar se houver luz verde. O que o LEIXÕES hoje precisa é de uma liderança forte, clara e determinada para ganhar credibilidade quanto ao futuro, pois ninguém apoia indecisões ou derrotismos; para apoiar uma liderança deste tipo e terminar o que se tinha iniciado continuam a existir pessoas que estão dispostas a trabalhar connosco e não é só meter dinheiro que é necessário, pois os projetos são mais importantes: se houver projetos credíveis há sempre quem os apoie e o dinheiro vai aparecendo como aconteceu de 2004 a 2013.
Por outro lado também não creio que o futuro seja só andar à volta da Câmara; a Câmara foi fundamental e vital para o Leixões e para todos os Clubes do Concelho nos últimos anos; sem essa perceção lúcida, em relação a todos os Clubes, por parte dos Presidentes da Câmara e, principalmente, por causa da crise que abalou a Europa, Portugal e por consequência Matosinhos, do atual, as coisas teriam sido para todos muito mais difíceis e alguns talvez já tivessem desaparecido.
Têm sido anos em que todos, pessoas, empresas ou instituições, tivemos de refazer a nossa forma de viver e estar na vida e, por isso, essa ajuda durante o ajustamento foi vital para todos.
Contudo, agora que isso também já não pode ser como antigamente, temos de encontrar forma de perder a “muleta” e andarmos pelo nosso pé; será um caminho árduo, mas garantido: começamos pequenos, mas seremos GRANDES....
Nenhum Clube pode deixar de contar com a Câmara até porque ela quando apoia os Clubes cumpre com a sua obrigação de apoiar a sociedade civil em projetos de interesse social e os CLUBES estão a fazer no dia a dia um trabalho extraordinário em que substituem o Estado Central e Local na sua obrigação de promover o desporto e a educação que também significa apoiar a ocupação dos tempos livres e melhorar a saúde das populações.
Por isto tudo há que dizer que queremos a Câmara, mas que temos de trabalhar com “MENOS CÂMARA E MAIS MATOSINHOS....”
Gostaria de terminar dizendo aos sócios que neste contexto podem contar comigo, pois tenho por eles um enorme respeito, principalmente pelos mais humildes que nunca deixam de pagar as quotas e os bilhetes para ir aos jogos, mesmo nestes tempos difíceis e considero que a Associação MV tem uma palavra a dizer no que respeita à emoção no acompanhamento das equipas de todas as modalidades e em outros eventos.
Todavia não posso deixar de repudiar que alguns setores se tenham deixado infiltrar por indivíduos que nem são sócios ou que já nem as quotas pagam e se auto intitulam como os verdadeiros leixonenses; esses indivíduos têm provocado prejuízos económicos imensos (só esta época esse prejuízo dava para pagar um mês de salários à equipa) para além dos prejuízos à imagem do LEIXÕES e dos seus sócios. Não podemos ser em todo o lado rotulados de desordeiros, pois assim também não arranjamos patrocinadores.
Eu sei que os verdadeiros sócios não se reveem nestes comportamentos, mas muitas vezes nem falam porque são intimidados com ameaças; é tempo de dizermos que não nos deixamos intimidar e que queremos os verdadeiros sócios do LEIXÕES, os que choram pelo seu Clube, mas que o respeitam, respeitam a legalidade e o bom nome do CLUBE e da cidade de Matosinhos e que pagam para o manter e não dão despesas permanentes.
Volto a declarar o meu apoio à MV desde que repudie estes comportamentos e erradique das suas fileiras estes infiltrados.
Para terminar gostaria de assumir que também erro e que por vezes não consegui o que pretendia e falhei, mesmo quando confiei demasiado em quem demonstrou não ser merecedor dessa confiança; assumo os meus erros e paguei talvez demasiado por eles, mas não me arrependo e estou de consciência tranquila sabendo que se voltasse atrás não deixaria de voltar a tentar (se soubesse o que sei hoje, faria muita coisa de forma diferente).
Carlos Oliveira, candidato a presidente da Direcção do Leixões SC
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