São poucos os jogadores que, aos 20 anos, sentem a confiança de Tiago Cintra ao afirmar que já tem tudo no futebol. Parece estranho, mas não é, tratando-se de um jovem que há um ano, quando estava no Amarante, pedira ao Pai Natal que lhe trouxesse um convite para regressar ao Leixões. O senhor de barbas brancas e fato vermelho fez-lhe a vontade e deu-lhe alguns bónus. Foi integrado no plantel de José Mota e em pouco tempo mostrou que ainda se fazem talentos no Mar, pelo que a SAD avançou logo com a renovação por quatro épocas. Estreou-se a titular no Dragão, num dos melhores palcos do futebol nacional, e contabilizou a primeira internacionalização pelos sub-21 no emblemático Estádio do Wembley. Por isso diz com orgulho: "No futebol, tenho tudo aquilo de que precisava."Mas falta-lhe concretizar o objectivo supremo. "Dar uma casa melhor à minha família. A vida na Biquinha não é fácil", lembra, esboçando uma certeza atípica para um jovem de 20 anos. "Acredito muito que sou capaz de conseguir isso", garante. O destino tem sempre os ouvidos atentos, porque, se assim não fosse, Tiago Cintra não teria marcado, frente ao Olhanense, o golo que tanto desejava. "O que custa é o primeiro, depois será fácil marcar mais", diz, de olhos arregalados por ver o saco de Natal cheio de prendas.
Há um ano estava no Amarante, receoso de que "ninguém do Leixões estivesse a seguir" a sua carreira. "No princípio senti-me sozinho, mas depois comecei a marcar golos e disseram-me que estava gente do Leixões a ver, e isso motivou-me. Achava que se tinham esquecido de mim..." Mas não se esqueceram. A vontade de chegar ao Leixões foi alimentada desde pequeno, quando "era apanha-bolas só para estar próximo dos jogadores, sonhando ser como eles", conta.
Tiago Cintra quer ir longe, mas não muito distante do Mar: "Não posso sair de Matosinhos; quero estar sempre perto do Leixões." A viver, é claro, porque, no futebol, não se importa de ultrapassar outras fronteiras.
Chuteiras de Quaresma não lhe cabem nos pés
No breve período de formação no FC Porto, Tiago Cintra pôde aproximar-se de grandes estrelas, alimentando o imaginário com novos ídolos. Ricardo Quaresma suscitou-lhe maior atenção, em parte por lhe lembrar que é possível superar dificuldades socioeconómicas e singrar na vida. Aprendeu a rematar de trivela e ganhou coragem para lhe pedir umas chuteiras como recordação. O problema é que Tiago calça o 42 - um número acima do pé de Quaresma.
fonte: O JOGO online
foto: arquivo Blog Leixões (in A Bola)
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