Carlos Oliveira esclarece os valores envolvidos na maior transferência de sempre do clube de Matosinhos
O presidente da SAD do Leixões, Carlos Oliveira, analisa ponto por ponto todos os dossiês relacionados com as transferências do Leixões feitas desde a última época até ao período actual do mercado. Em poucos meses, o clube de Matosinhos tornou-se vendedor e abriu portas nos países estrangeiros, onde pode retirar ainda mais dividendos no futuro. Crítico com o comportamento da Liga, o líder leixonense admite ainda que o clube matosinhense possa renunciar à sua participação na Direcção da Liga.
O defeso tem sido profícuo em transferências. O Leixões tem necessidade, cada vez mais, de ser um clube vendedor?
O Leixões tem vindo a afirmar-se como um clube com capacidade para criar jogadores e transferi-los para outros clubes. Era algo que já se debatia há algum tempo e temos criado condições para que isso agora aconteça. Na época passada, iniciámos este processo com a venda do Jorge Gonçalves, uma situação que não ficou isenta de dificuldades, até porque estamos a finalizar o mês de Julho e o Leixões ainda não a recebeu totalidade do acordo estipulado em 450 mil euros. Neste momento, falta recebermos um quarto do valor, pois apesar de termos feito a renegociação do pagamento o Racing Santander está de novo atrasado. Mas acreditamos que até início de Agosto este dossiê esteja encerrado.
Depois do Jorge Gonçalves, seguiu-se o Wesley...
Surgiu uma boa proposta em finais de Novembro, mas o Wesley, por influência do seu empresário, quis condições muito especiais para aceitar a proposta que veio dos Emirados Árabes e isso fez com que o negócio caísse. Nessa fase, o Wesley perdeu um pouco o seu élan e andou perdido, mas, em Janeiro, surgiu uma proposta da Roménia, do Vaslui, e a transferência acabou por se concretizar pelo valor da cláusula de rescisão, no valor de 250 mil euros. Pode-se agora dizer que era um valor baixo mas isso deveu-se à forma como conseguimos contratar o jogador. O Wesley aceitou vir para o Leixões a ganhar menos da metade do que ganhava na condição de ficar estipulada uma cláusula baixa que permitisse a sua saída. Parece-nos que foi uma aposta acertada, pois o jogador ajudou-nos até Dezembro e depois fez um bom contrato.
Esta época, receberam propostas para a saída do Bruno China?
Houve propostas já em Janeiro, mas acabaram por não se concretizar. Neste defeso, também apareceram duas propostas, uma para vender, que veio pela mão do Tozé, que é empregado do Leixões, que nos disse que teria alguém interessado a comprar direitos do Bruno China. Mas a proposta não foi considerada interessante, pois os valores para o Bruno China ir para o Médio Oriente não eram extraordinários e, por outro lado, o melhor que nos ofereciam eram 300 mil euros, 150 mil pagos na saída e outros 150 mil cerca de um ano depois. Apesar das enormes dificuldades, pensamos que deixar sair o China por esse valor seria uma falta de respeito pela qualidade e prestígio do jogador, que é capitão de equipa e foi formado no clube, e também uma falta de respeito pelos sócios, que iam ver sair um dos símbolos do Leixões.
A forma de pagamento também não era sedutora...
Sim. A proposta financeira dos 300 mil com pagamento imediato de 150 e daqui a um ano os outros 150 parecia, de alguma forma, pouco credível, até porque sabemos dos inúmeros casos que têm surgido. Aliás, temos um entre mãos. Se a proposta que o Tozé tinha fosse mais equilibrada e se aproximasse da cláusula de rescisão do Bruno China, no valor de 750 mil euros, e também fosse uma coisa boa para o jogador não poderíamos de forma alguma deixar de ser solidários com alguém que tem dado tanto ao clube. Recentemente, apareceram propostas completamente ridículas e irrealistas para um possível empréstimo, ainda por cima da II Divisão Espanhola, na linha de uma campanha negra que foi feita ao Leixões durante o defeso e que chegou a envolver a inscrição do clube na Liga.
Como assim!?
Achamos que alguns dos responsáveis por essa campanha são mesmo os responsáveis da Liga, que não souberam defender os interesses do Leixões, que é fundador da Associação de Futebol do Porto e faz parte da Direcção da Liga. O presidente e elementos da Comissão Executiva da Liga não cuidaram devidamente da imagem do Leixões. Penso que o fizeram por precipitação e falta de cuidado, não entendemos que fosse com intenção de prejudicar, mas a forma irresponsável com que frenquentemente se referiam ao facto Leixões não estar inscrito passou uma imagem negra para o exterior e acabou por nos prejudicar ao nível de patrocinadores e financiadores.
Já transmitiu essa posição ao presidente da Liga, Hermínio Loureiro?
Já tive oportunidade de me queixar veemente junto do presidente da Liga, que me disse não se ter apercebido de que as coisas estavam a correr dessa forma, mas dei-lhe alguns exemplos e ele acabou, de alguma forma, por concordar que a comunicação não tinha sido a melhor. Neste momento, a administração da Leixões SAD estuda a possibilidade de vir a pedir a renúncia da sua participação na direcção da actual Liga. O Leixões sempre esteve com a Liga, deve ter sido dos clubes que menos dificuldades criou nos últimos cinco anos, apesar de se sentir prejudicado de alguns momentos, mas, se calhar, algumas pessoas não perceberam o sentido elevado das nossas intervenções.
Mas o problema relacionado com as certidões do Fisco e Segurança está resolvido e o Leixões está inscrito. Como conseguiu?
Já tinha dito que as dificuldades eram menores relativamente ao passado, mas, no entanto, mais uma vez, tive de resolver a questão praticamente sozinho e, por isso, tenho legítimo receio que dentro de dois ou três meses as coisas voltem a ficar numa situação impossível de gerir, porque sem meios e apoios a administração não poderá sobreviver. Foi também por causa destas dificuldades que enfrentamos de uma forma objectiva a transferência do Beto.
Quando se iniciou verdadeiramente o processo da venda do Beto?
Só no fim do campeonato e com a ida do Beto à selecção nacional é que o FC Porto iniciou as conversações sobre a transferência do jogador. Perante esta situação e a legítima aspiração do jogador, entendemos que era a ocasião certa para forçar a transferência do Beto. A melhor e única proposta que efectivamente nos foi colocada veio do FC Porto, e, no final, penso que o negócio foi bom para as três partes envolvidas. O Beto ajudou à operação, porque detinha 40% dos seus direitos direitos, depois da última renovação de contrato, e prescindiu desse direito face ao contrato que ia fazer. O Leixões, que só tinha 60% dos direitos, vendeu o jogador por 500 mil euros, reservando ainda 20% numa futura transferência. Foi a melhor transferência da história do Leixões.
Nesse acordo, não ficou estipulado que fossem cedidos jogadores ao Leixões?
Não. Simplesmente o que existe é um acordo de cavalheiros, que vai de encontro às pretensões de cada um. Este tipo de negócios só veio reforçar os laços de bom entendimento e respeito mútuo entre o Leixões e FC Porto. E, contrariamente ao que alguns pensam e dizem, que a administração do Leixões tem uma posição de subserviência, isso não corresponde à verdade, pois a administração do Leixões reconhece a valia e dimensão de um clube como o FC Porto, mas o FC Porto também tem uma avaliação sobre Leixões que lhe merece efectivamente o respeito institucional que dá aos clubes grandes.
Como se encontra o “caso” Chumbinho?
O Chumbinho é um jogador com contrato, que foi embora depois de não comparecer a uma convocatória para o jogo com o Setúbal. O jogador agora até quer voltar, mas entendemos que não demonstrou carácter para ser jogador do Leixões. Está a correr um processo disciplinar que, infelizmente pela legislação que temos, não é suficientemente penalizador para este tipo de atitude por parte dos atletas. Se fosse ao contrário, o Leixões seria gravemente punido. Na situação actual o que nós podemos fazer não é muito, passa por multar ou até rescindir, mas isso, muitas vezes, é que os jogadores pretendem. O Chumbinho ainda não conseguiu que o colocassem em algum lado, e o Leixões está a negociar através dos seus mandatários a possibilidade de ter uma compensação pelas despesas sofridas e pretende libertar-se do jogador.
O David Lopes, que agora é jogador do Córdoba, foi outra situação caricata...
Outra situação semelhante, embora de menor permanência. O jogador foi identificado pela equipa técnica como o lateral esquerdo que precisávamos e foi-lhe feita uma proposta de salário que aceitou. Apresentou-se em Portugal numa segunda-feira, chegou a treinar, e na terça à noite, antes da saída para estágio, detectamos que ele não queria cá continuar e, numa conversa privada, disse-me que tinha sido enganado pelo empresário, pois tinha-lhe sido prometido uma quantia em dinheiro. Ele reconhecia que o Leixões era cumpridor, que todas as pessoas estavam a ser impecáveis com ele, mas que por aquele dinheiro não podia ficar, pois o contrato era muito baixo. Ainda falámos com o empresário, que se comprometeu a comparecer no estágio para esclarecer a situação. Ficámos espantados quando o jogador na madrugada de terça-feira se foi embora. Teve depois uma proposta do Azerbeijão, que não aceitou, e apareceu, entretanto, o Córdoba, que só aí soube que nos teria de compensar. O jogador regressou e queria ficar no Leixões, mas por mais salário do que tinha acordado. Ainda lhe propusemos um prémio se ele fizesse 20 jogos a titular, pois depois de tanta instabilidade não lhe íamos por dinheiro na mão. Não quis, foi-se oferecer ao Guimarães, depois ainda tentou voltar mas aí foi-lhe dito que já não havia condições, porque ninguém acreditava nele. Seria mais uma situação de contencioso, mas o Córdoba apresentou um pagamento quase simbólico mas que paga bem as despesas relacionadas com transporte e alojamentos e deixamo-lo ir, evitando mais um problema.
A venda do Angulo rendeu quanto?
A empresa que gere a carreira do Angulo conseguiu transferi-lo para o Deportivo da Corunha, tendo o Leixões recebido o valor que estava estipulado na cláusula de rescisão, 100 mil euros. E estamos a falar de um jogador que esteve apenas seis meses no Leixões...
O Ruben foi reintegrado, depois da “novela” rocambolesca relacionada com a transferência para o Nacional...
Foi a melhor solução. O Ruben tinha sido autorizado a procurar clube, mas o Leixões teria sempre de ter uma compensação financeira, até porque estamos a falar de um jogador que chegou da formação do Pasteleira e tivemos de pagar direitos de formação. O Ruben andou nos últimos anos mal aconselhado pelas diversas pessoas que foram gerindo a sua carreira, o que não desculpa alguns dos seus comportamentos, pois se ganha como profissional tem se comportar como tal. O jogador deslocou-se à Madeira juntamente com o seu empresário e assinou contrato com o Nacional, temos uma cópia disso. O clube da Madeira falou depois connosco telefonicamente a apercebeu-se que existiam algumas irregularidades no processo. Resolveu então invocar divergências com o empresário do Ruben para nos comunicar que já não havia negócio. Ora, o jogador já tinha vestido a camisola do Nacional e sido fotografado ao lado do presidente. A verdade é que o Ruben tinha assinado antes de ter rescindido e só nos restava instaurar o processo disciplinar.
O problema acabou por ser resolvido, dando uma segunda oportunidade ao jogador...
O Ruben não deixa de ser um jogador jovem, em que sempre depositamos esperança de ter uma carreira orientada de forma diferente, e na situação em que estava não ia arranjar clube. Chegámos então a um acordo para a sua reintegração, mas, uma vez que vamos voltar a apostar no jogador, aumentámos em mais um ano o período de contrato, pois ele ficava livre no final da época, e passa a existir uma cláusula de rescisão, de 500 mil euros. Foi a forma que encontrámos para o reintegrar, até porque ele agora reconhece claramente que andou a ser enganado e que é no Leixões que estão as pessoas sérias.
Tantos problemas para tratar... e agora sem a existência de um director desportivo...
[Respira fundo] Apesar de todas dificuldades que têm sido criadas, o Leixões tem vindo a construir uma equipa que nos parece adequada para disputar com qualidade mais uma edição da Liga e honrar a camisola. Mesmo sem a presença de um director desportivo, o que obriga a mais um esforço acrescido, as coisas têm sido resolvidas entre a administração e o José Mota. E vamos continuar assim.
Vão ser contratados mais jogadores?
As contratações que temos vindo a fazer são criteriosas do ponto de vista dos custos e, pelo que alguns observadores externos me têm dito, o Leixões mantém competitividade elevada e tem um plantel dentro dos padrões do clube. Sem querer fazer grandes prognósticos, acreditamos que vamos cumprir com as nossas tarefas. Reconhecemos que faltam duas ou três peças novas para resolver algumas dificuldades que a equipa ainda apresenta. Vamos tratar disso, embora sem agravar os custos, porque o Leixões neste momento não tem dinheiro. Reforço, não tem dinheiro...
O orçamento baixou muito?
É o orçamento mais baixo dos últimos sete/oito anos. Este orçamento é muito mais baixo, dentro dos dois milhões e meio, mas vamos tentar fazer mais um esforço embora sem comprometer o rigor. Penso que é de realçar os jogadores que temos da formação no plantel, não só para voltar a ter a mística dos bebés, mas também para conseguir reequilibrar as fracas posses do nosso orçamento. Este ano só da nossa formação temos no plantel o Bruno China, Joel, Ruben, Fonseca, Paulo Tavares, Tiago Cintra e Seabra. É algo significativo.
O presidente da SAD do Leixões, Carlos Oliveira, analisa ponto por ponto todos os dossiês relacionados com as transferências do Leixões feitas desde a última época até ao período actual do mercado. Em poucos meses, o clube de Matosinhos tornou-se vendedor e abriu portas nos países estrangeiros, onde pode retirar ainda mais dividendos no futuro. Crítico com o comportamento da Liga, o líder leixonense admite ainda que o clube matosinhense possa renunciar à sua participação na Direcção da Liga.
O defeso tem sido profícuo em transferências. O Leixões tem necessidade, cada vez mais, de ser um clube vendedor?
O Leixões tem vindo a afirmar-se como um clube com capacidade para criar jogadores e transferi-los para outros clubes. Era algo que já se debatia há algum tempo e temos criado condições para que isso agora aconteça. Na época passada, iniciámos este processo com a venda do Jorge Gonçalves, uma situação que não ficou isenta de dificuldades, até porque estamos a finalizar o mês de Julho e o Leixões ainda não a recebeu totalidade do acordo estipulado em 450 mil euros. Neste momento, falta recebermos um quarto do valor, pois apesar de termos feito a renegociação do pagamento o Racing Santander está de novo atrasado. Mas acreditamos que até início de Agosto este dossiê esteja encerrado.
Depois do Jorge Gonçalves, seguiu-se o Wesley...
Surgiu uma boa proposta em finais de Novembro, mas o Wesley, por influência do seu empresário, quis condições muito especiais para aceitar a proposta que veio dos Emirados Árabes e isso fez com que o negócio caísse. Nessa fase, o Wesley perdeu um pouco o seu élan e andou perdido, mas, em Janeiro, surgiu uma proposta da Roménia, do Vaslui, e a transferência acabou por se concretizar pelo valor da cláusula de rescisão, no valor de 250 mil euros. Pode-se agora dizer que era um valor baixo mas isso deveu-se à forma como conseguimos contratar o jogador. O Wesley aceitou vir para o Leixões a ganhar menos da metade do que ganhava na condição de ficar estipulada uma cláusula baixa que permitisse a sua saída. Parece-nos que foi uma aposta acertada, pois o jogador ajudou-nos até Dezembro e depois fez um bom contrato.
Esta época, receberam propostas para a saída do Bruno China?
Houve propostas já em Janeiro, mas acabaram por não se concretizar. Neste defeso, também apareceram duas propostas, uma para vender, que veio pela mão do Tozé, que é empregado do Leixões, que nos disse que teria alguém interessado a comprar direitos do Bruno China. Mas a proposta não foi considerada interessante, pois os valores para o Bruno China ir para o Médio Oriente não eram extraordinários e, por outro lado, o melhor que nos ofereciam eram 300 mil euros, 150 mil pagos na saída e outros 150 mil cerca de um ano depois. Apesar das enormes dificuldades, pensamos que deixar sair o China por esse valor seria uma falta de respeito pela qualidade e prestígio do jogador, que é capitão de equipa e foi formado no clube, e também uma falta de respeito pelos sócios, que iam ver sair um dos símbolos do Leixões.
A forma de pagamento também não era sedutora...
Sim. A proposta financeira dos 300 mil com pagamento imediato de 150 e daqui a um ano os outros 150 parecia, de alguma forma, pouco credível, até porque sabemos dos inúmeros casos que têm surgido. Aliás, temos um entre mãos. Se a proposta que o Tozé tinha fosse mais equilibrada e se aproximasse da cláusula de rescisão do Bruno China, no valor de 750 mil euros, e também fosse uma coisa boa para o jogador não poderíamos de forma alguma deixar de ser solidários com alguém que tem dado tanto ao clube. Recentemente, apareceram propostas completamente ridículas e irrealistas para um possível empréstimo, ainda por cima da II Divisão Espanhola, na linha de uma campanha negra que foi feita ao Leixões durante o defeso e que chegou a envolver a inscrição do clube na Liga.
Como assim!?
Achamos que alguns dos responsáveis por essa campanha são mesmo os responsáveis da Liga, que não souberam defender os interesses do Leixões, que é fundador da Associação de Futebol do Porto e faz parte da Direcção da Liga. O presidente e elementos da Comissão Executiva da Liga não cuidaram devidamente da imagem do Leixões. Penso que o fizeram por precipitação e falta de cuidado, não entendemos que fosse com intenção de prejudicar, mas a forma irresponsável com que frenquentemente se referiam ao facto Leixões não estar inscrito passou uma imagem negra para o exterior e acabou por nos prejudicar ao nível de patrocinadores e financiadores.
Já transmitiu essa posição ao presidente da Liga, Hermínio Loureiro?
Já tive oportunidade de me queixar veemente junto do presidente da Liga, que me disse não se ter apercebido de que as coisas estavam a correr dessa forma, mas dei-lhe alguns exemplos e ele acabou, de alguma forma, por concordar que a comunicação não tinha sido a melhor. Neste momento, a administração da Leixões SAD estuda a possibilidade de vir a pedir a renúncia da sua participação na direcção da actual Liga. O Leixões sempre esteve com a Liga, deve ter sido dos clubes que menos dificuldades criou nos últimos cinco anos, apesar de se sentir prejudicado de alguns momentos, mas, se calhar, algumas pessoas não perceberam o sentido elevado das nossas intervenções.
Mas o problema relacionado com as certidões do Fisco e Segurança está resolvido e o Leixões está inscrito. Como conseguiu?
Já tinha dito que as dificuldades eram menores relativamente ao passado, mas, no entanto, mais uma vez, tive de resolver a questão praticamente sozinho e, por isso, tenho legítimo receio que dentro de dois ou três meses as coisas voltem a ficar numa situação impossível de gerir, porque sem meios e apoios a administração não poderá sobreviver. Foi também por causa destas dificuldades que enfrentamos de uma forma objectiva a transferência do Beto.
Quando se iniciou verdadeiramente o processo da venda do Beto?
Só no fim do campeonato e com a ida do Beto à selecção nacional é que o FC Porto iniciou as conversações sobre a transferência do jogador. Perante esta situação e a legítima aspiração do jogador, entendemos que era a ocasião certa para forçar a transferência do Beto. A melhor e única proposta que efectivamente nos foi colocada veio do FC Porto, e, no final, penso que o negócio foi bom para as três partes envolvidas. O Beto ajudou à operação, porque detinha 40% dos seus direitos direitos, depois da última renovação de contrato, e prescindiu desse direito face ao contrato que ia fazer. O Leixões, que só tinha 60% dos direitos, vendeu o jogador por 500 mil euros, reservando ainda 20% numa futura transferência. Foi a melhor transferência da história do Leixões.
Nesse acordo, não ficou estipulado que fossem cedidos jogadores ao Leixões?
Não. Simplesmente o que existe é um acordo de cavalheiros, que vai de encontro às pretensões de cada um. Este tipo de negócios só veio reforçar os laços de bom entendimento e respeito mútuo entre o Leixões e FC Porto. E, contrariamente ao que alguns pensam e dizem, que a administração do Leixões tem uma posição de subserviência, isso não corresponde à verdade, pois a administração do Leixões reconhece a valia e dimensão de um clube como o FC Porto, mas o FC Porto também tem uma avaliação sobre Leixões que lhe merece efectivamente o respeito institucional que dá aos clubes grandes.
Como se encontra o “caso” Chumbinho?
O Chumbinho é um jogador com contrato, que foi embora depois de não comparecer a uma convocatória para o jogo com o Setúbal. O jogador agora até quer voltar, mas entendemos que não demonstrou carácter para ser jogador do Leixões. Está a correr um processo disciplinar que, infelizmente pela legislação que temos, não é suficientemente penalizador para este tipo de atitude por parte dos atletas. Se fosse ao contrário, o Leixões seria gravemente punido. Na situação actual o que nós podemos fazer não é muito, passa por multar ou até rescindir, mas isso, muitas vezes, é que os jogadores pretendem. O Chumbinho ainda não conseguiu que o colocassem em algum lado, e o Leixões está a negociar através dos seus mandatários a possibilidade de ter uma compensação pelas despesas sofridas e pretende libertar-se do jogador.
O David Lopes, que agora é jogador do Córdoba, foi outra situação caricata...
Outra situação semelhante, embora de menor permanência. O jogador foi identificado pela equipa técnica como o lateral esquerdo que precisávamos e foi-lhe feita uma proposta de salário que aceitou. Apresentou-se em Portugal numa segunda-feira, chegou a treinar, e na terça à noite, antes da saída para estágio, detectamos que ele não queria cá continuar e, numa conversa privada, disse-me que tinha sido enganado pelo empresário, pois tinha-lhe sido prometido uma quantia em dinheiro. Ele reconhecia que o Leixões era cumpridor, que todas as pessoas estavam a ser impecáveis com ele, mas que por aquele dinheiro não podia ficar, pois o contrato era muito baixo. Ainda falámos com o empresário, que se comprometeu a comparecer no estágio para esclarecer a situação. Ficámos espantados quando o jogador na madrugada de terça-feira se foi embora. Teve depois uma proposta do Azerbeijão, que não aceitou, e apareceu, entretanto, o Córdoba, que só aí soube que nos teria de compensar. O jogador regressou e queria ficar no Leixões, mas por mais salário do que tinha acordado. Ainda lhe propusemos um prémio se ele fizesse 20 jogos a titular, pois depois de tanta instabilidade não lhe íamos por dinheiro na mão. Não quis, foi-se oferecer ao Guimarães, depois ainda tentou voltar mas aí foi-lhe dito que já não havia condições, porque ninguém acreditava nele. Seria mais uma situação de contencioso, mas o Córdoba apresentou um pagamento quase simbólico mas que paga bem as despesas relacionadas com transporte e alojamentos e deixamo-lo ir, evitando mais um problema.
A venda do Angulo rendeu quanto?
A empresa que gere a carreira do Angulo conseguiu transferi-lo para o Deportivo da Corunha, tendo o Leixões recebido o valor que estava estipulado na cláusula de rescisão, 100 mil euros. E estamos a falar de um jogador que esteve apenas seis meses no Leixões...
O Ruben foi reintegrado, depois da “novela” rocambolesca relacionada com a transferência para o Nacional...
Foi a melhor solução. O Ruben tinha sido autorizado a procurar clube, mas o Leixões teria sempre de ter uma compensação financeira, até porque estamos a falar de um jogador que chegou da formação do Pasteleira e tivemos de pagar direitos de formação. O Ruben andou nos últimos anos mal aconselhado pelas diversas pessoas que foram gerindo a sua carreira, o que não desculpa alguns dos seus comportamentos, pois se ganha como profissional tem se comportar como tal. O jogador deslocou-se à Madeira juntamente com o seu empresário e assinou contrato com o Nacional, temos uma cópia disso. O clube da Madeira falou depois connosco telefonicamente a apercebeu-se que existiam algumas irregularidades no processo. Resolveu então invocar divergências com o empresário do Ruben para nos comunicar que já não havia negócio. Ora, o jogador já tinha vestido a camisola do Nacional e sido fotografado ao lado do presidente. A verdade é que o Ruben tinha assinado antes de ter rescindido e só nos restava instaurar o processo disciplinar.
O problema acabou por ser resolvido, dando uma segunda oportunidade ao jogador...
O Ruben não deixa de ser um jogador jovem, em que sempre depositamos esperança de ter uma carreira orientada de forma diferente, e na situação em que estava não ia arranjar clube. Chegámos então a um acordo para a sua reintegração, mas, uma vez que vamos voltar a apostar no jogador, aumentámos em mais um ano o período de contrato, pois ele ficava livre no final da época, e passa a existir uma cláusula de rescisão, de 500 mil euros. Foi a forma que encontrámos para o reintegrar, até porque ele agora reconhece claramente que andou a ser enganado e que é no Leixões que estão as pessoas sérias.
Tantos problemas para tratar... e agora sem a existência de um director desportivo...
[Respira fundo] Apesar de todas dificuldades que têm sido criadas, o Leixões tem vindo a construir uma equipa que nos parece adequada para disputar com qualidade mais uma edição da Liga e honrar a camisola. Mesmo sem a presença de um director desportivo, o que obriga a mais um esforço acrescido, as coisas têm sido resolvidas entre a administração e o José Mota. E vamos continuar assim.
Vão ser contratados mais jogadores?
As contratações que temos vindo a fazer são criteriosas do ponto de vista dos custos e, pelo que alguns observadores externos me têm dito, o Leixões mantém competitividade elevada e tem um plantel dentro dos padrões do clube. Sem querer fazer grandes prognósticos, acreditamos que vamos cumprir com as nossas tarefas. Reconhecemos que faltam duas ou três peças novas para resolver algumas dificuldades que a equipa ainda apresenta. Vamos tratar disso, embora sem agravar os custos, porque o Leixões neste momento não tem dinheiro. Reforço, não tem dinheiro...
O orçamento baixou muito?
É o orçamento mais baixo dos últimos sete/oito anos. Este orçamento é muito mais baixo, dentro dos dois milhões e meio, mas vamos tentar fazer mais um esforço embora sem comprometer o rigor. Penso que é de realçar os jogadores que temos da formação no plantel, não só para voltar a ter a mística dos bebés, mas também para conseguir reequilibrar as fracas posses do nosso orçamento. Este ano só da nossa formação temos no plantel o Bruno China, Joel, Ruben, Fonseca, Paulo Tavares, Tiago Cintra e Seabra. É algo significativo.
fonte: MH
2 desabafos :
Esta entrevista deixa-me mais uma vez com uma grande dicotomia de sensações.
Por um lado, muito contente e orgulhoso por termos um presidente da SAD com um pensamento e discurso tão sério, transparente e transpirando credibilidade.
Por outro lado, triste, muito preocupado e na expectativa negativa de quando será o afastamento do Carlos Oliveira do clube por manifesta falta de apoios, por manifesta falta de solidariedade, por se sentir cada vez mais sozinho e cansado.Mesmo assim, a linha estratégica da SAD continua bem definida, diminuir passivo, manter a equipa competitiva e credibilizar o clube.Não deverá ser fácil tendo em conta o enquadramento do mercado!
Alerto para a necessidade da cidade ajudar o LSC e para a imperiosidade de serem criadas condições para o Carlos Oliveira ficar a ajudar o LSC por muitos anos.
P.S.-Não sou amigo, nem tenho interesses com o Carlos Oliveira.
"Apenas" sou LEIXONENSE do coração.
tendo em conta que o gr do belenenses foi vendido ao benfica por 500 mil euros e ainda recebeu por empréstimo o felipe bastos,acho que a venda do beto foi muito má mesmo...
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