Seis meses à procura de um golo e ele estava mesmo ali, quase nas mãos de Nilson, ao alcance de um gesto típico de ponta-de-lança: mesmo quando parece improvável retirar do esforço qualquer proveito, nunca se desiste de um lance, quando a bola está jogável; mesmo quando o guarda-redes já se debruça para a segurar e a viagem parece um caminho perdido. Braga reencontrou-se com os golos num desses momentos pitorescos. Esticou o pé e recuperou um prazer que já não sentia há 20 jornadas. Foi tão bom que, tal como no Dragão, onde ajudara a fazer história para o Leixões (vitória inédita por 2-3), cinco minutos depois repetiu a dose, desta vez num cabeceamento, de novo como o ponta-de-lança que não é. Melhor dito, Braga é todos os futebolistas que um treinador quiser. Mota pediu-lhe que encarnasse o ponta-de-lança que o Leixões não tem, e ele limitou-se a cumprir. Toda a vida fez isso. Mesmo que só agora a Liga principal lhe descubra as virtudes, não falta quem veja, na evolução do reforço contratado no terceiro escalão, a mera constatação de uma evidência que andou demasiado tempo nos campeonatos secundários.
Anteontem, na bancada do Estádio do Mar, Constantino recordava isso mesmo. Ex-goleador do Leça, adjunto de Madureira no clube vizinho, onde Braga passou as duas últimas temporadas, costumava dizer-lhe isso mesmo, "no aquecimento" para os jogos que tinham quase sempre o jovem formado no Salgueiros como protagonista. Na subida e na descida do Leça, marcou que se fartou. Quando ouvia Constantino dizer-lhe que o lugar dele era na I Divisão, que era "jogador a mais" para provas tão modestas, "ria-se". Quando ouvia Vítor Oliveira, espectador leixonense dos jogos-treino, a incentivá-lo, sorria. E trabalhava, trabalhava sempre, até dar razão a todos os que lhe apreciavam a "facilidade de remate", a capacidade de "nunca desistir", a determinação de evoluir como jogador, uma atitude profissional que o distinguiu desde miúdo e que Madureira considera ter encontrado "o treinador certo" em José Mota. A "grande época" leixonense começou com golos de Braga, mas viu-o perder protagonismo, até mesmo a titularidade, à medida que as jornadas passavam. Seis meses sem marcar podem "afectar a época ou mesmo a carreira" de quem entra assim de rompante, e é aí que os treinadores agora na bancada ficam felizes por saber estar Braga em boas mãos. Madureira é categórico: "O José Mota é um treinador experiente, motiva muito, faz um bom acompanhamento, tal como o Leixões. É o treinador certo, neste ano, para a ascensão do Braga."
Inspirado na festa do Salgueiros
Aos 25 anos, Braga é um sobrevivente que emerge no primeiro escalão ao mesmo tempo que renasce o clube onde terminou a formação como futebolista e onde viu o futuro em risco. No primeiro ano de sénior, o Salgueiros acabou com a equipa profissional, e Braga viu-se remetido para o Tirsense, até que Madureira, velha glória da baliza de Paranhos, o levou para o Leça, e daí ao Leixões foram dois anos de muitos golos - no jejum, Constantino, ex-goleador, lembrou-lhe que era apenas isso, "uma fase". As raízes salgueiristas não se perderam, e, no domingo, Braga e Madureira assistiram, juntos, na bancada do Estádio do Senhora da Hora, à vitória que permitirá à equipa portuense, renascida para o futebol sénior esta temporada, sob o comando de Pedro Reis, disputar a subida à I Divisão Distrital da Associação de Futebol do Porto. "É indescritível o momento que se vive. A festa, o vibrar dos golos... é muito a imagem do Salgueiros de há uns anos", conta Madureira, encantado e confiante no futuro do clube. "Só não haveria esperança se não houvesse o apoio dos adeptos. Tem pernas para andar, para ser, de novo, o velho Salgueiral."
Anteontem, na bancada do Estádio do Mar, Constantino recordava isso mesmo. Ex-goleador do Leça, adjunto de Madureira no clube vizinho, onde Braga passou as duas últimas temporadas, costumava dizer-lhe isso mesmo, "no aquecimento" para os jogos que tinham quase sempre o jovem formado no Salgueiros como protagonista. Na subida e na descida do Leça, marcou que se fartou. Quando ouvia Constantino dizer-lhe que o lugar dele era na I Divisão, que era "jogador a mais" para provas tão modestas, "ria-se". Quando ouvia Vítor Oliveira, espectador leixonense dos jogos-treino, a incentivá-lo, sorria. E trabalhava, trabalhava sempre, até dar razão a todos os que lhe apreciavam a "facilidade de remate", a capacidade de "nunca desistir", a determinação de evoluir como jogador, uma atitude profissional que o distinguiu desde miúdo e que Madureira considera ter encontrado "o treinador certo" em José Mota. A "grande época" leixonense começou com golos de Braga, mas viu-o perder protagonismo, até mesmo a titularidade, à medida que as jornadas passavam. Seis meses sem marcar podem "afectar a época ou mesmo a carreira" de quem entra assim de rompante, e é aí que os treinadores agora na bancada ficam felizes por saber estar Braga em boas mãos. Madureira é categórico: "O José Mota é um treinador experiente, motiva muito, faz um bom acompanhamento, tal como o Leixões. É o treinador certo, neste ano, para a ascensão do Braga."
Inspirado na festa do Salgueiros
Aos 25 anos, Braga é um sobrevivente que emerge no primeiro escalão ao mesmo tempo que renasce o clube onde terminou a formação como futebolista e onde viu o futuro em risco. No primeiro ano de sénior, o Salgueiros acabou com a equipa profissional, e Braga viu-se remetido para o Tirsense, até que Madureira, velha glória da baliza de Paranhos, o levou para o Leça, e daí ao Leixões foram dois anos de muitos golos - no jejum, Constantino, ex-goleador, lembrou-lhe que era apenas isso, "uma fase". As raízes salgueiristas não se perderam, e, no domingo, Braga e Madureira assistiram, juntos, na bancada do Estádio do Senhora da Hora, à vitória que permitirá à equipa portuense, renascida para o futebol sénior esta temporada, sob o comando de Pedro Reis, disputar a subida à I Divisão Distrital da Associação de Futebol do Porto. "É indescritível o momento que se vive. A festa, o vibrar dos golos... é muito a imagem do Salgueiros de há uns anos", conta Madureira, encantado e confiante no futuro do clube. "Só não haveria esperança se não houvesse o apoio dos adeptos. Tem pernas para andar, para ser, de novo, o velho Salgueiral."
fonte: O JOGO online
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