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Vasco Rijo e o mau estado do volei leixonense

Aos 35 anos, Vasco Rijo é o director-geral do voleibol do Leixões, transportando para fora da quadra a consistência e rigor que exibiu no campo ao longo de uma carreira dedicada ao emblema do Mar e com várias presenças na Selecção Nacional. O lado profissional forçou o abandono do trajecto desportivo há três anos, mas, desde a época passada, aceitou o desafio de liderar uma equipa de colaboradores que se dedica, com entusiasmo, a uma modalidade cheia de história no clube. Projectos existem, ambição não falta, mas o trabalho tem sido árduo, pois as dificuldades financeiras da época passada têm sido um travão a um futuro cheio de vitórias. A face mais visível da maré turbulenta tem sido a equipa sénior, que actualmente ocupa o último lugar do campeonato nacional.
O voleibol do Leixões bateu no fundo? A expressão foi usada pelo treinador Mário Martins para avaliar o actual estado da secção...
Lamento que o voleibol esteja a ser mais falado devido a estes motivos. O vólei tem grande tradição no clube e merece mais atenção das pessoas de Matosinhos. Não vale a pena esconder, a secção, de facto, não atravessa um bom momento. Agora, é importante explicar o que aconteceu. Na época passada foi feito um orçamento, englobando todas as equipas, e o mesmo foi aprovado pelos dirigentes. A previsão de custos, acertámos em cheio, já as receitas não acertámos.
Porquê?
Essencialmente, porque uma verba programada, com peso no orçamento da equipa sénior masculina, falhou e, infelizmente, continua por resolver. Essa foi a razão principal para os problemas que surgiram na época anterior.
Qual o valor do orçamento do voleibol do Leixões?
Convém realmente esclarecer certas situações e desmistificar a ideia que o voleibol comete loucuras e tem custos elevadíssimos. Isso não corresponde à verdade. O orçamento da secção inteira, na época passada, já com inscrições, viagens, absolutamente tudo que é necessário para a orgânica das equipas, foi de 230 mil euros. A referida verba afectou, fundamentalmente, a equipa sénior masculina, mas a verdade é que, mesmo assim, alcançámos o quarto lugar no último campeonato. Uma classificação da qual não me lembrava de ver o Leixões alcançar. A equipa feminina terminou no sétimo lugar, um lugar honroso mediante o investimento que foi feito.
A verba em falta representa quanto no orçamento?
Entre 30 a 40%. Tivemos, no entanto, a preocupação de salvaguardar a formação do clube e os treinadores desses escalões receberam os seus subsídios. Nos seniores é que ficou um conjunto de verbas, relativas à época transacta, entre seis e sete meses, que ainda está por resolver. Mas é bom que se diga que o voleibol até é gerador de receitas significativas. Aliás, se todas as modalidades tivessem a relação custos/despesas que o voleibol apresenta, o Leixões não tinha problemas de dinheiro.
Esta época, o orçamento teve necessariamente de baixar...
Sim, esta época é diferente. Aliás, basta ver a constituição do plantel das duas equipas seniores. Houve, no masculino, uma redução substancial de custos, mas os resultados estão à vista e, se nada for alterado, vai ser difícil alcançar os objectivos.
Não há memória de ver o voleibol do Leixões na 2.ª Divisão. É impossível a permanência sem que haja reforço do plantel?
Afirmar isso não seria justo para os miúdos, que têm trabalhado muito bem. Já evoluíram, mas reconheço que essa evolução pode não ser suficiente para evitar a despromoção. Nos seniores masculinos, as diferenças são maiores. No feminino, o cenário não é tão grave. Também temos uma equipa muito jovem, assente na formação, mas a diferença para as outras equipas não é tão acentuada.
“Solução pode passar pelo mercado brasileiro”
O que é que pode ser feito? Ainda há tempo?
Sim, importa dizer que ainda vamos a tempo. Importa também dizer que estamos a tentar que o problema seja resolvido e se consiga desbloquear a verba que falhou, assim como captar outras, pois o voleibol tem procurado outros apoios em termos de patrocínios e publicidade. Enviamos dossiês às empresas e tentámos obter outros pequenos apoios. Esta dificuldade também resulta do actual ambiente económico. Se as outras modalidades, como o futebol, têm dificuldades em arranjar apoios, imaginem então o voleibol.
Não há outro tipo de apoios de organismos ligados ao desporto?
Existe o programa de associativismo criado pela Câmara Municipal de Matosinhos, uma iniciativa muito boa mas que precisa de ser afinada. Têm de ser introduzidas melhorias para que, efectivamente, o plano seja cumprido com as modalidades.
As dificuldades criam desmotivação...
Não pode haver. Lidero um conjunto de 12 pessoas, que está a trabalhar por mera carolice e tem feito um trabalho fantástico. É um esforço que, muitas vezes, faz com que cada um prejudique as suas vidas particulares, sempre com o intuito de encontrar soluções. Este trabalho, que nem sempre é reconhecido, é fundamental para o clube.
Seria possível de um dia para o outro contratar novos jogadores?
Depois de desbloqueado o problema financeiro, em duas/três semanas conseguiríamos resolver essa situação. Neste caso, a solução pode passar pelo mercado brasileiro, até porque, em Dezembro, dificilmente conseguiríamos no mercado nacional, jogadores que nos interessassem.
“Compreendo a revolta do Mário”
Tem conversado com o treinador Mário Martins?
Notou-se muito revolta nas suas palavras sobre o actual estado do voleibol. Disse que a modalidade nunca tinha sido tão maltratada no clube e que apenas se mantém por amor ao Leixões e devido à vossa relação de amizade... Conheço o Mário desde os iniciados, quando jogámos juntos. Somos muito amigos e compreendo perfeitamente a sua revolta. O seu trabalho no dia-a-dia acabou por sofrer efeitos devido a estas questões, que não são da competência dele. Ainda assim, fez uma gestão brilhante e conseguiu motivar jogadores, que não recebiam há cinco meses, e apresentou resultados.
O clube podia ajudar mais a secção?
[Pausa] Sinceramente, o que me apraz dizer é que o actual modelo de gestão não me parece o mais adequado. Devia haver mais proximidade entre todas as modalidades, até porque não duvido que alguns problemas da natação, bilhar e voleibol, sejam comuns.
A secção estão bem servida no que diz respeito a condições de trabalho?
Temos três espaços. O pavilhão Siza Vieira, onde joga a formação, a Nave Ilídio Ramos, onde treinam as equipas seniores e também algumas da formação, e o pavilhão municipal, que se utiliza em menor escala.
Quanto atletas movimentam na formação?
Temos o escalão de minis, com cerca de 100 miúdos. Depois, temos as equipas de competição, duas por escalão, desde infantis até juniores. Estamos a falar à volta de mais 100 atletas. É um número significativo e que mostra a nossa importância, pois enquanto os miúdos estão aqui não estão a entrar noutros caminhos. Para que isto funcione, tenho de salientar o papel dos colaboradores, sobretudo, pais de atletas que ajudam no dia-a-dia e, muitas vezes, nos transportes para os jogos. Merecem, sem dúvida, um agradecimento muito especial.
Quartel-general montado > Sala na sede
Toda a logística relacionada com o voleibol passa por uma sala na sede do clube, na rua Roberto Ivens, em Matosinhos, uma espécie de quartel-general que foi montado com o objectivo de criar uma melhor funcionalidade à secção. “Foi importante alargar o espaço. Temos assim uma base, com computadores, telefones, internet e um responsável, o Fernando Silva, que trata diariamente de alguns problemas do voleibol. Foi uma conquista da secção”, regojiza-se Vasco Rijo.
Terceira edição da gala do vólei > Homenagem a Orlando Ramos
A curto prazo, uma das iniciativas contempladas no plano de actividades do voleibol leixonense é a realização da terceira gala de Voleibol, em homenagem a Orlando Ramos, considerado “o pai do voleibol” no Leixões. O torneio de voleibol destina-se a todos os escalões de formação e irá colocar em acção mais de uma centena de atletas.
fonte: site MH
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