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Descubra as diferenças e encontre o Guarda-Redes

Para lá dos testes à capacidade física e à técnica, a pré-temporada encerra, para os jogadores, um teste à resistência psicológica: os novos têm tudo a mostrar e os outros têm de conquistar o espaço sem a atenção que as novidades, por natureza, atraem. No Leixões, esse confronto é nítido na baliza, onde Berger e Beto competem pela preferência de José Mota com grande nível.
Com Fonseca lesionado, a luta faz-se a dois. Berger, o austríaco das madeixas loiras, é a novidade, a todos os níveis; Beto, moreno luso, personifica o melhor de duas épocas vividas nos limites da intensidade, primeiro na subida, depois na defesa do Leixões no primeiro escalão. Não se pode dizer que o duelo quotidiano destes homens dificulte a opção de Mota: qualquer um deles poderia jogar num campeonato que se iniciasse hoje. O desafio é decidir que atributos privilegiar, perante tamanhas diferenças.
O bilhete de identidade é importante para definir estes homens. A personalidade austríaca está bem vincada na autoconfiança, na disciplina e na concentração extraordinárias de Berger, que chegam a intimidar. Recém-chegado, tem a preocupação de falar Português - aprendeu com o irmão, Markus, da Académica -, o que ajuda imenso em campo, e uma predisposição nata para o fazer notar: "ataca a bola!", grita, com perfeição, nas peladinhas em que lhe tem cabido a baliza mais posta à prova. Ele agradece e retribui com defesas vistosas.
No outro extremo mora Beto, de uma discrição quase tímida, bem portuguesa, que dispensa as intervenções aparatosas. Pelo contrário, os gestos dele são de uma elegância que faz perceber por que razão o FC Porto equacionou (equaciona?) tê-lo no plantel - chega a lembrar Vítor Baía, na harmonia que empresta às intervenções, cuja eficácia é conhecida do campeonato. Além disso, joga com a personalidade, importante para o lugar: anteontem, quando Berger se desentendeu com o avançado Roberto, no final do treino, Beto foi quem primeiro se encaminhou para pôr termo à discussão. Com calma, colocou a mão no ombro do austríaco e, afastando-o, aconselhou-o a desvalorizar a questão. Berger fez questão de resolver o assunto sozinho, uns minutos depois, mas o gesto não passou despercebido.
fonte: O JOGO
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