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Carlos Oliveira fala na venda da sua parte na SAD

Tal como noticiámos ontem, segunda-feira, a edição desta terça-feira do jornal desportivo O JOGO conta com uma grande entrevista a Carlos Oliveira onde revela o porquê do negócio da cedência dos 56% da SAD para o investidor Jaime Conceição da J Winners.

Porque decidiu alienar a sua participação na SAD do Leixões?
Nos últimos três anos, venho dizendo que para viabilizar este projeto precisamos de um reforço de capital. O clube e eu não temos condições de alocar mais dinheiro e a Sílvia Carvalho muito menos, só pela entrada de um investidor se poderia colmatar, de alguma maneira, o défice de tesouraria e relançar o projeto. Por exigir uma salvaguarda da instituição, alguns dos negócios acabaram por não se fazer. Pretendo deixar a SAD com a situação perfeitamente encaminhada. Quando aparecesse um investidor que apresentasse um projeto viável e credível cederia as minhas ações a zero contra a salvaguarda dos interesses da instituição. É o que está a acontecer; e imediatamente retiro-me da SAD.
Como é que uma pessoa que investiu tanto dinheiro não pede uma contrapartida financeira?
Se não se fizer nada, vai-se perder tudo. Podemos perder tudo e deixar o caldeirão ferver e todos perdem; ou posso perder tudo e criar condições para que a instituição se renove, revitalize e cresça. Eu prefiro perder dando significado à minha decisão .
Se não tomasse esta atitude, a situação do Leixões tenderia a piorar?
Senão aparecesse um investidor, não haveria qualquer viabilidade, porque os dois grandes momentos nos últimos 25 anos foram em 2001 e 2003 com Manuel Carvalho; e depois comigo a partir de 2004, enquanto foi possível. Neste momento, nas condições em que Portugal vive e o facto de eu ter já utilizado o disponível que podia alocar, não permitem continuar a financiar a recuperação deste passivo.
Que garantias lhe deu a J. Winners que a SAD teria mais viabilidade?
O contrato tem duas partes. Numa a J.Winners assume um investimento até 1,5 milhões de euros para regularizar as dívidas do passado; e uma segunda componente na qual a J. Winners se obriga a investir mais cerca de três milhões de euros no rejuvenescimento da estrutura, aumento da capacidade e na projeção de novos horizontes. Mas é estranho que – em 2010 já injetara dois milhões de euros – não queira nada em troca.
Não sou bom samaritano, sou realista. Se insistir no ressarcimento da minha dívida, dificilmente alguém investirá no Leixões. E deixar perder o trabalho de 11 anos é para mim muito mais doloroso do que perder dinheiro. É um sacrifício muito grande
A SAD correriao risco de acabar?
Sim. Essa é uma das minhas razões. Se não fosse em julho o meu esforço pessoal e ter colocado umas centenas de milhares de euros, já teria acabado. Já depois deste acordo com a J. Winners paguei do meu bolso três meses de salários; e a inscrição dos jogadores em janeiro, adiantei dinheiro para Roberto Sousa alugar a casa dele, e resolvi o problema de Bruno Lamas. Por isso é fundamental que se faça um “restart” da situação, e parece-me termos encontrado a solução.
Há razões para questionarem este contrato? 
O contrato é transparente, e salvaguarda muito os interesses da instituição, porque com esta entrada cerca de 50 por cento da dívida da SAD, pelo menos, a mais premente e angustiante fica solucionada. Não me parece que um investidor que assuma esta responsabilidade vá desbaratar o seu próprio dinheiro. O projeto e os parceiros que me têm apresentado dão-me matéria suficiente para acreditar que este contrato se vai realizar.
Qual o prazo fixado para que este acordo se efetivasse? 
O prazo acordado de execução era de 21 de dezembro, só que terá sido uma data fixada com demasiado otimismo, porque as pessoas estariam convencidas que seria mais fácil, naquela ocasião, mobilizar recursos. A época era de final de ano, Natal, e depende também de um Fundo sediado na Alemanha, e não foi fácil encontrar as pessoas todas. Por outro lado, houve por parte do Fundo a colocação de algumas questões, porque estamos a falar de mecanismos jurídicos de Portugal que em outras latitudes não são entendidas da mesma maneira. Estive em São Paulo há poucos dias, para explicar ao advogado de Jaime Conceição o mecanismo do PER. Surgiram algumas questões que foram necessárias explicar, mas nunca houve qualquer problema com o PER, porque foi homologado por sentença do tribunal.
E que questões são essas? 
As pessoas que interpretaram o PER diziam que os maiores credores da SAD eram Carlos Oliveira e Sílvia Carvalho. Mas isto deveu-se à má interpretação do documento. Quando apresentámos o projeto ao Tribunal Comercial de Gaia, na primeira fase, tinha de se apontar os maiores credores: o Estado, o Leixões, eu e a dona Sílvia, porque ela tinha herdado os créditos do pai. No decorrer do dossiê apresentámos ao juiz a solução que, então, para dar a acordo ao nosso plano, os maiores credores, no casos os acionistas, tinham de perder 10% do capital e perdoar os juros e transformar todo o capital emprestado em capital social. Como me disseram no Brasil, passamos de maiores credores a maiores perdedores.
Quanto já investiu a J Winners? 
Zero. Preocupou-se em propor a contratação de alguns jogadores e assumir com a SAD pagar as despesas desses jogadores.

Complexo Desportivo um sonho possível 
No final da época 2007/08, o Leixões regressava à I Liga com Carlos Oliveira nos primeiros anos como presidente da SAD. Nesta subida, meteu na bagagem uma série de projetos, dois dos quais ficarão apenas pela intenção: o complexo desportivo e a municipação do Estádio do Mar. "Continuo a trabalhar com a autarquia de avançar com o complexo desportivo. Há agora uma orientação da Câmara mais favorável para que isso possa ser concluido. Já a municipalização do estádio não aconteceu por casmurrice política. Já vi muitos perdões por valores muito maiores e nós nem queríamos um perdão", explica Carlos Oliveira
Mar recebe visita ilustre de Roberto Carlos
O antigo internacional brasileiro Roberto Carlos, com quem a J. Winners estabeleceu uma parceria, vem na próxima segunda-feira visitar o Mar e conhecer a fama do Leixões de clube formador. A última passagem pela I Liga foi altamente rentável e firmou o estatuto do Leixões como clube formador. A brilhante época da equipa de 2009/10 ofereceu à SAD um encaixe na ordem de 1,8 milhões de euros em seis transferências.
Plataforma para promoção de jogadores 
A mais recente transferência, a de Ricardo Valente para o Vitória de Guimarães, reforçou um horizonte de negócios que se intensificou o interesse da J Winners. Essa foi uma das razões "pelas quais os investidores vieram", porque "olham para o Leixões como uma excelente plataforma de promoção de jogadores para depois levá-los para oturos campeonatos europeus", além da localização geográfica
Horácio Gonçalves é outro assunto 
Carlos Oliveira não se quis referir à posição de Horácio por se tratar de assunto "do âmbito desportivo", e uma vez que "nesta matéria [entrevista] não está em causa o treinador".
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