Faz hoje 50 anos que o Leixões Sport Club venceu a Taça de Portugal. Era um Domingo , esse 9 de Julho de 1961 que ficou marcado a ouro na memória das gentes matosinhenses. Contra todos os prognósticos o Leixões venceu a final da Taça de Portugal contra o favorito FC Porto em pleno Estádio das Antas, naquela que é uma das maiores surpresas de todos os tempos no futebol nacional.
Foi uma longa caminhada até à grande final, a primeira da história leixonense. Deixando pelo caminho nas meias-finais o Belenenses que era o detentor do troféu. No grande dia os homens de Matosinhos encontravam pela frente o FC Porto, o gigante da cidade vizinha.
A polémica do local da final
A final estava marcada para Lisboa e para o Estádio Nacional, palco habitual das finais da Taça, mas o FC Porto argumentou que tratando-se de dois clubes do Norte, faria sentido que o jogo não se disputasse em Lisboa.
Daí à decisão do jogo ser mudada para a cidade invicta e mais concretamente para o Estádio das Antas foi um pequeno passo.
Não havia memória duma final da Taça de Portugal ser jogada em casa de um dos contendores e até hoje só o FC Porto teve a possibilidade de jogar em casa a final da Taça, e por três vezes: contra o Leixões em 1961, contra o SC Braga em 1977 e contra o Benfica em 1983.
De pouco adiantou a contestação leixonense, que, como era norma na época, foi branda e pouco assertiva. A festa ficou marcada para a casa dos azuis e brancos e com a presença garantida do Presidente da República, Américo Thomaz.
O país inteiro acreditava que seria uma festa azul e branca e o Leixões seria um simpático conviva. No Porto a expectativa era grande e os bilhetes voaram das bilheteiras. A cidade estava engalanada e em festa, mas do outro lado da circunvalação também havia esperança.
O vermelho e branco do Leixões enfeitava janelas e portas. Alicerçados na ideia de justiça e numa inabalável esperança nos seus «bebés» os matosinhenses acreditavam que a vitória era possível para os comandados de Filpo Nuñez, além do mais confiavam que Osvaldo Silva, dispensado anteriormente pelos dragões, teria umas contas a ajustar com o FC Porto.
Dizem as crónicas da época que o FC Porto entrou um pouco altaneiro, muito confiante nas suas capacidades e na inevitabilidade da sua vitória. Os leixonenses acusaram o toque dessa «fanfarronice» azul e branca e cerraram fileiras no objectivo comum de vencer Virgílio, Hernâni, Miguel Arcanjo, Monteiro da Costa e todos os outros, na sua própria casa.
Ao futebol pouco característico do FC Porto respondeu o Leixões com muita garra, equilibrando a partida e chegando a dominar o jogo durante largos minutos. O jogo chegou ao intervalo com um nulo e com Osvaldo Silva a coxear, ameaçando não voltar ao jogo.
A segunda parte de sonho dos bebés de Matosinhos
A segunda parte recomeça e a estrela leixonense não reentra em campo, se dúvidas havia, tudo corria a favor do FC Porto. Em Matosinhos ainda hoje se fala que foram as mãos miraculosas do massagista Auricélio que recuperaram Osvaldo Silva. O craque voltou ao terreno e rapidamente o Leixões marcava, por intermédio de Silva, aos 66 minutos.
O FC Porto abana, o Estádio das Antas fica mudo, com a evidente excepção da pequena bancada reservada aos matosinhenses. Três minutos depois chega o 0x2 quando Oliveirinha bate um surpreendido Acúrsio e deixa o estádio incrédulo.
Os portões abrem-se e os adeptos portistas começam a abandonar as Antas 15 minutos antes do tempo. Quando Décio de Freitas apitou para o final da partida foi a explosão de contentamento leixonense com as bandeiras vermelhas e brancas desfraldadas vitoriosamente ao vento, enquanto Raul Machado recebia a Taça das mãos do Presidente da República.
Depois, seguiu-se um cortejo de festa de volta a Matosinhos, para agradecer o apoio da terra e do Senhor de Matosinhos. A festa continuou com jogadores e adeptos festejando até altas horas, enquanto no Porto o jornal Norte Desportivo tentava recuperar os exemplares que já tinham saído do prelo com a notícia que o FC Porto tinha vencido a Taça de Portugal batendo o Leixões por 4-1...
Para a história fica o onze comandado pelo argentino Filpo Nuñez: Rosas; Santana e Pacheco; Ventura, Raul (capitão) e Jacinto; Medeiros, Osvaldo, Oliveira, Silva e Gomes. Os heróis do Mar, responsáveis pela maior façanha de um dos mais carismáticos clubes portugueses.
1 desabafos :
Este dia é o exemplo se superação que está na génese do espírito Leixonense , cabe a nós reavivar este espírito adormecido.
Isto é o Leixões , o Leixões somos nós.
Enviar um comentário