Num momento em que se pode afirmar, sem receio de contradita, que o Leixões foi temido em Portugal e falado na Europa e no Mundo, logo após um desaire, que acontece até aos que andam nas provas do Campeões Europeus, surgiram logo os profetas da desgraça e os que o Leixões para eles é só um motivo para chegar mais acima ou na política ou no campo social. Mas também é natural perguntar: como é que um clube de "cêntimos" andava lá em cima a lutar com os promotores do "euromilhõies", tendo o descaramento de ir vencer em casa do FC Porto, Sporting e Sporting de Braga e eliminar o Benfica da Taça de Portugal tem, agora, tal deslize? Não havia ninguém que não desejasse "ser do Leixões". Mas o futebol tem as bolas fora, o esférico a bater na trave ou no poste, os "off-sides" e um nunca mais acabar de desgraças. E quando a maioria dos simpatizantes já começavam a fazer poupanças para ir até Paris ou Lausanne para jogar a Taça da UEFA, que os jogadores da camisola rubro-branca eram desejados nos mais diversos quadrantes, mesmo dos clubes que dizem ter dinheiro, azar dos azares vem uma derrota no Benfica, onde toda a gente quase ganha e o Leixões só não ganhou porque se ofuscou com a Luz, segue-se uma copiosa derrota com o Dragão" a cheirar a vingança, terminando no "escândalo" dos 4-0 em Paços de Ferreira, a dois passos da casa do treinador José Mota.. Caíu o farol da Boa Nova e o sino do templo do Bom Jesus de Matosinhos! Não pode ser! Uma cinquentena de leixonenses esperaram os atletas, treinador e dirigentes e não se furtaram a serem ingratos apelidando-os daquilo que eles não são.
Beto está bem no Mar
Para que este tempo mau não bastasse, levantou-se outro temporal, com uma notícia récord de fantasia, em que era anunciada a venda do guarda-redes Beto para o FC Porto, dado assim, um certo crédito à maledicência de um comentador desportivo, quando deixou escapar que houve jogadores leixonenses que "foram simpáticos" para com os portistas. E lá está o caldo entornado, como se diz aqui pelas nossas bandas. Vale que vem aí três semanas de "férias" para preparar o embate com os "leões", no Mar, e então veremos de novo o Leixões de recentes bons tempos.Nestas alturas os grandes alvos são os responsáveis do clube e da SAD e, neste caso, Carlos Oliveira, o empresário que tem vindo a arrostar com as vicissitudes da vida da camisola vermelha e branca. É o "cristo" para a tesouraria, e ainda por cima é mal-querido. Para muitos, Carlos Oliveira devia calçar chuteiras e marcar golos e não só ir ao seu bolso e pagar as folhas de salários e as facturas, como tem acontecido e tem referido aos associados, olhos nos olhos, nas reuniões com a chama Tertúlia Leixonense. Sem papas na língua. Por isso, nesta altura, nada como uma conversa, embora curta, com o grande responsável pela existência do clube, sim, porque se não fosse ele, a estas horas talvez só existissem os estatutos... Sobre a anunciada venda do guarda-redes Beto, Carlos Oliveira remeteu-nos para o comuniado da SAD e para as consequências que poderá haver para quem levantou a atoarda. Começamos, entã, o bate-bola: - Entende que este mau resultado de Paços de Ferreira é fruto de um abaixamento da equipa ou há problemas que afectam a mesma?
- Este grupo não merece que o acusem de falta de profissionalismo e de ética. São os casos do futebol. É um jogo. Esquema especial de pagamento Não podemos evitar a pergunta: - Mas não será o facto do atraso nos salários que o senhor tem confirmado? - Há dois meses e meio por liquidar, mas está tudo conversado, combinado, porque nós temos um esquema especial de pagamento. Na equipa temos gente adulta e percebe bem a nossa gestão. Nós pagamos 14 salários em 10 meses.
Importa-se de explicar a forma como o Leixões faz a gestão disso mesmo?
O valor dos salários é hoje menor do que em épocas anteriores, mas ainda não tão baixo como deveria, pois ainda estamos a pagar erros que vinham de trás: ainda temos no plantel jogadores contratados em 2003. Com a nova forma de contratar que só foi possível com a entrada de Vítor Oliveira, temos vindo a diminuir e na próxima época encontraremos o equilíbrio. Os salários representam 80% do nosso orçamento.
A situação do Clube e da SAD é assim tão dificil, apesar da sua acção?
A situação da SAD está dificil porque temos de andar a pagar todos os erros do passado, mesmo os cometidos no acto da constituição da SAD que a deixaram logo em falência técnica. Vamos agora tentar resolver isso para solucionar a questão da situação líquida negativa que nos últimos anos tem vindo a diminuir. Se não fosse o passado, não teríamos problemas de salários, pois a receitas correntes estão equilibradas com as despesas: o que afecta é o facto do peso da dívida ser quase de 20% do orçamento e para isso ainda não arranjamos receitas suplementares ou extraordinárias suficientes. Contudo, agora falamos de atrasos de dois meses, mas quando cheguei ao Leixões eram de 7 meses para os jogadores e de 11 meses para o resto do pessoal. Era para isso que necessitávamos do aumento de capital, mas para a operação ser aceite temos de apresentar o plano de recuperação e esta crise não veio ajudar nada.
Continua a sentir-se sozinho, quer no clube, quer no exterior, mais concretamente pelas forças económicas que podiam ajudar?
"Não pagamos almoçaradas ou jantaradas" Carlos Oliveira estava embalado: É preciso que apareçam mais pessoas quer para trabalhar na estrutura, sem custos, e era preciso que as pessoas cá fora se entendessem no que querem para o Leixões que só se aguentou até agora por ter utilizado as minhas disponibilidades; as pessoas acham sempre que a TV ou a publicidade pagam tudo, mas nem sequer querem fazer contas e exigem os melhore resultados, Muitos andam a falar para denegrir quem cá está, mas efectivamente nesta administração ninguém ganha, ao contrário de antigamente que os salários eram imorais - um administrador GANHAVA 4.000 euros mês em 14 meses, custando ainda ao Leixões todos os encargos daí derivados, além de despesas de telemóvel e de representação (pagamos muitas contas em restaurantes de Matosinhos, do antigamente, de almoçaradas e jantaradas). Comigo isso acabou tudo, pois pagamos os nossos telemóveis e se tenho de almoçar com alguém pago do meu bolso. E sem nos deixar intervir:
Porque as empresas de Matosinhos não subscrevem uma pequena parte das acções para se juntarem a um projecto que dignifica Matosinhos e o promove?
Porque estão contra a Câmara ajudar se o Leixões é quem mais publicidade faz da nossa terra e mais gente cá traz quer pelo futebol, quer pelo volei, pela natação e pala Taça do Mundo de Bilhar entre outras como as Jornadas Médicas...
É de opinião que tudo terá de mudar no futuro quanto ao futebol profissional?
O futuro do futebol passa por medidas iguais às que temos vindo a implementar: redução de custos, adequação do plantel, seriedade e competência nas contratações, rigor nas análises dos investimentos, aposta na formação e na prospecção.
Mas como?
Se consolidarmos os erros do passado e implementarmos estas medidas a SAD torna-se independente, se se mantiver na I Liga, não precisando de subsídios, podemndo estas ser dirigidos para as actividades amadoras e para a formação.
A Liga dos Clubes Profissionais pretende trazer seriedade à competição e apertou o cerco aos faltosos. Acha que em Assembleia Geral os clubes vão aceitar?
O presidente da SAD, considerado entre os seus pares da Liga, bateu bem as sílabas: - A Liga está a dar um tiro no pé, pois está a criar mecanismos de controlo, sem criar as condições de base para a sustentabilidade do negócio: se estes clubes desaparecerem são substituídos por quais? Há outros em melhores condições? O Futebol tem pessoas sérias e é uma actividade que no ano passado pagou ao estado mais de 70 milhões de impostos! Quantos milhares de postos de trabalho dependem do futebol, mesmo sem falar dos que ganham salários milionários? Vamos aumentar o desemprego? E o serviço social prestado à sociedade civil? Quantas dezenas de milhar de jovens têm no desporto por causa dos clubes? Quantos jovens vamos mandar para a rua e para a droga? O futebol não serve para nada? Então porque tem de cumprir regras mais apertadas que as outras actividades empresariais? Não há salários em atraso na têxtil, construção civil e outros? A liga tem de obrigar os clubes a ter orçamentos equilibrados, pois daí advem a verdade desportiva: cada um faz o que pode fazer e não o que inventa. Se alguém quer propor receitas para além das razoáveis, tem de dar garantias de que as arranja, pois se os orçamentos tiverem receitas e despesas equilibradas, não haverá salários em atraso. Contudo a Liga deve encontrar um plano para ajudar a regularizar os passivos antigos, mas só para quem apresente projectos de viabilidade, como acontece no resto do mundo empresarial.
Matosinhos quanto à adesão de associados continua débil. Porquê?
A campanha de angariação de sócios não deu mais do cerca de 100 novos sócios nesta fase. Nos últimos dois anos entraram cerca de 2.000, mas agora só cerca de 100. Esperava mais e não compreendo como o Leixões com a época que fez não conseguiu mais. Que mais se pode fazer?
O projecto de beneficiação da zona do Estádio do Mar como se encontra?
A beneficiação do Estádio vai ter de esperar com esta crise não podemos arriscar mais. Nos últimos anos melhoramos muito como sabe e já há estádios piores que o nosso. Se aparecerem apoios...
E o chamado espaço para formação. Santana? Senhora da Hora?
E o nosso entrevistado ao falar dos mais novos, não podia deixar de falar em quem ele em boa hora trouxe para o clube: - Estamos muito mal para a formação e dependentes da Câmara. Acredito que esta vai cumprir o que prometeu apesar de haver sempre quem queira impedir ou atrasar. É um imperativo moral depois do que a Câmara, desde o tempo de Narciso, ter dado mais aos outros que ao Leixões: basta ver nas outras freguesias para verificar que Matosinhos é a que está pior. Penso também que a Junta podia fazer mais, quer directamente, quer usando da sua influência, mas a Junta não dá nada ao Leixões.
Já está em preparação a equipa de futebol para o próximo ano?
A equipa para o próximo ano já está em preparação e o Vitor Oliveira é o gestor fundamental para o futebol do Leixões e não só: é competente, sério, trabalhador e ama o Leixões. Qualquer plano para o futuro tem de contar com o Vitor Oliveira, mas também ele tem de ter mais ajudas e outras condições, pois com as actuais faz um enorme esforço e alguns milagres. É também um homem para ficar na história do Clube.
Que é isso do Plano para 5 anos e com quem?
Como já disse estou a preparar um plano de 5 anos, que até pode ser de três anos para finalizar a reconstrução do Leixões e acabar de eliminar o resto dos erros do passado. Com este Plano quero preparar a minha saída e criar condições para que outras pessoas sérias possam ficar à frente do Leixões se, correrem o risco de ser insultadas ou verem os seus bens serem penhorados por erros dos outros. Carlos Oliveira, gestor de sucesso, um presidente para o Leixões "que caíu do céu" como muitos dizem, tinha muito mais para desabafar. A hora era de um certo abatimento, mas não de desânimo. Ele acredita no grupo de trabalho, nos jogadores, nos técnicos, na sua equipa administrativa e no seu braço direito Vitor Oliveira, que transpira Leixões por todos os poros.
fonte: site MH
1 desabafos :
O que se pode esperar de apoios a uma SAD com ligações políticas tão fortes e visíveis, logo perigosas para qualquer investidor, as coisas na autarquia podem mudar a qualquer momento.
A cena mais triste que vi do meu clube em 38 anos, foi a festa comício em frente à CMM no dia em que Leixões garantiu a subida à 1º Liga. Nesse dia, pareceu que Vítor Oliveira, restante equipa técnica/Médica e jogadores eram segundos planos de Carlos Oliveira e principalmente Guilherme Pinto, dono do microfone que ninguém queria ouvir mas insistiu em impor a sua presença e discurso.
Como pode sobreviver um clube que vive afastado da realidade sócio-económica do concelho onde está inserido? O que foi feito de forma profissional para chamar os novos habitantes de Matosinhos, (muitos deles elevados quadros de empresas) para o clube?
A imagem do Leixões é do pior que há, falar do Leixões para a imprensa e alimentado pelos dirigentes é falar das peixeiras do mercado a "assassinar" o hino do clube ou dos borracholas nos tascos. Sejamos sérios, quem quer investir num clube com uma imagem destas? Qual o retorno de ter o nome associado a uma imagem destas? O marketing está errado ou nem existe e por isso não vende e se não vende, não rende.
Mesmo as vitórias estão sem destaque na imprensa o clube não se projectou numa conjectura que dificilmente se repetirá. A Sport Zone foi a pior opção em marketing, Estádio "Drive In" horrível e até motivo de chacota os carros dentro do estádio, a bandeira que é linda como bandeira mas um desastre como emblema, o discurso continua dirigido para a classe piscatória que quase desapareceu e a que existe está sem poder económico para ajudar.
Bilhetes caríssimos para não sócios, já estive para ir ver jogos com vários amigos não leixonenses que sentem curiosidade por o clube e vivem aqui, mas mesmo em jogos com clubes de longe e até da Madeira os bilhetes são a preços para não-sócios são exageradamente elevados.
Parabéns pela gestão financeira, mas acabaram-se os trunfos.
O Leixões precisa mudar a imagem, vender-se e conquistar novos públicos. Os velhos estão a ir e os novos são do vizinho FCP.
Façam protocolos com empresas e encham o estádio, só com as pessoas a irem viver os jogos e aprenderem a gostar do clube, poderá haver futuro.
Coloquem gente que saiba vender, a tratar da imagem do clube. Matosinhos tem grandes vendedores e são os melhores para o fazer (vejam o FCP começando pelo próprio presidente um ex. Vendedor).
A SAD devia ter mais trabalhadores. Para aparecer, qualquer um quer, mas para trabalhar...
Esta é a minha modesta opinião e como tal, vale o que vale.
Viva o Leixões
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