Se há esperança para o futebol português - não aquele que muitos especialistas do comentário reduzem às camisolas dos três grandes, mas o que se estende mesmo por todo o país e por todos os escalões -, e se a esperança tem um rosto, talvez seja o do leixonense Braga. Sobrevivente do final trágico do Salgueiros, fez-se vencedor num Leça despromovido e ainda deu um salto de dois escalões, para se estrear na Liga Sagres.
"Se fosse hoje, talvez pensasse em desistir, mas, aos 21 anos, isso nem me passou pela cabeça. Era novo, tinha muito para jogar". Foi o que fez. Quando, há quatro anos, o Salgueiros desistiu do futebol sénior, Braga jogou pela primeira vez fora do Porto. Trocou o vazio do clube que conhecera desde os juvenis - antes, vestira o emblema do Dragão - pelo Tirsense, mas a distância para Paranhos, onde continua a residir, foi o menor dos traumas. Pior foi a incerteza quanto ao futuro do Salgueiros, que o fez ficar "à espera, até Setembro". Até se perceber que não havia futuro para a equipa nos campeonatos profissionais. Para Braga houve, e a semente até estava em Vidal Pinheiro. Soube-o há duas épocas, quando Jorge Madureira o convidou para o Leça, então no quarto escalão nacional. Com ele subiu e desceu de divisão, sem acusar as oscilações da equipa: 30 golos em duas épocas são um registo digno de ponta-de-lança, mas Braga nem tem esse rótulo. É médio-ofensivo, e para todo o serviço, deixa claro. "Quero é jogar", sorri - o verbo é especialmente importante, quando se olha a tudo o que ficou para trás, e que já não o impressiona. "Já passou", diz, em paz com o passado e tomado pela expectativa do presente. A história de Braga desenrola-se como um novelo: no Leça, defrontou com regularidade o Leixões, em treinos semanais que, dois anos e 30 golos depois, deram num contrato que é como se fosse o primeiro. "Tenho aprendido muito", diz, a meio do terceiro dia do estágio em Melgaço, sem se dar conta da tremenda lição que ele próprio encerra.
fonte: O JOGO
"Se fosse hoje, talvez pensasse em desistir, mas, aos 21 anos, isso nem me passou pela cabeça. Era novo, tinha muito para jogar". Foi o que fez. Quando, há quatro anos, o Salgueiros desistiu do futebol sénior, Braga jogou pela primeira vez fora do Porto. Trocou o vazio do clube que conhecera desde os juvenis - antes, vestira o emblema do Dragão - pelo Tirsense, mas a distância para Paranhos, onde continua a residir, foi o menor dos traumas. Pior foi a incerteza quanto ao futuro do Salgueiros, que o fez ficar "à espera, até Setembro". Até se perceber que não havia futuro para a equipa nos campeonatos profissionais. Para Braga houve, e a semente até estava em Vidal Pinheiro. Soube-o há duas épocas, quando Jorge Madureira o convidou para o Leça, então no quarto escalão nacional. Com ele subiu e desceu de divisão, sem acusar as oscilações da equipa: 30 golos em duas épocas são um registo digno de ponta-de-lança, mas Braga nem tem esse rótulo. É médio-ofensivo, e para todo o serviço, deixa claro. "Quero é jogar", sorri - o verbo é especialmente importante, quando se olha a tudo o que ficou para trás, e que já não o impressiona. "Já passou", diz, em paz com o passado e tomado pela expectativa do presente. A história de Braga desenrola-se como um novelo: no Leça, defrontou com regularidade o Leixões, em treinos semanais que, dois anos e 30 golos depois, deram num contrato que é como se fosse o primeiro. "Tenho aprendido muito", diz, a meio do terceiro dia do estágio em Melgaço, sem se dar conta da tremenda lição que ele próprio encerra.
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